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Pesquisadores tratam da importância da agricultura familiar no contexto pós-pandemia

Novos modelos para o setor são necessários para garantir acesso à alimentação para todos

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Feira Livre em Paripiranga/BA. Foto: Thales Brandão

Repensar estrategicamente o papel da agricultura familiar dentro das políticas de desenvolvimento rural no período pós-pandemia é uma das propostas que integram o mais recente capítulo da edição 28 Boletim de Política Social (BPS), publicado nesta quarta-feira (30/6), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Dedicado ao tema do Desenvolvimento Rural, o capítulo, dividido em três partes, analisa a trajetória das políticas voltadas para a agricultura familiar dentro de um contexto governamental, legislativo e pandêmico. A última parte traz um exercício propositivo ao inserir o tema da agricultura familiar em um cenário pós-Covid.

Para os autores deste capítulo do BPS, é fundamental que sejam criados mecanismos específicos para a agricultura familiar para que ela dê as respostas necessárias, caso contrário, a população brasileira poderá ter dificuldades no acesso à alimentação. “No contexto da pandemia, ficou patente a importância da agricultura familiar e a necessidade de se ter políticas específicas voltadas para este setor”, afirmou Marcelo Galiza, um dos autores do capítulo.

Ao longo da pandemia, o mundo experimentou a alta nos preços dos alimentos, segundo levantamento da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE). O estudo publicado no BPS ressalta que, no Brasil, durante a pandemia, itens essenciais da cesta básica de alimentos registraram altas ainda mais expressivas do que o índice de alimentos, de 14,1%. No acumulado de 2020, destaca a publicação, o feijão preto, por exemplo, subiu 45,4%; o leite, 26,9%; o arroz, 76,0%; a carne, 18,0%; e a batata, 67,3%. O capítulo enfatiza ainda que esses e vários outros itens básicos da dieta brasileira encareceram o acesso à alimentação em contexto de perda de rendimentos do trabalho por efeito da pandemia.

Na avaliação de Alexandre Valadares, outro autor do capítulo, a pandemia evidenciou a necessidade de termos uma política de abastecimento no país. “Em função da inflação de alimentos, a assombração da escassez surgiu para os brasileiros. Diante dessa urgência e do momento de incerteza, o governo se viu com o dever de reativar políticas públicas, canais e programas que eram voltados para a agricultura familiar, já em operação, ainda que de forma menos intensa. Naquele momento, a ideia era fortalecer a agricultura familiar”, explicou.

Valadares pontuou ainda que é interessante, sobretudo, que a agricultura familiar possa reduzir os circuitos de produção e comercialização, estando cada vez mais próxima dos centros de consumo das cidades. “Essa seria uma alternativa para evitar dificuldades locais no acesso à alimentação, evitar que o custo do alimento seja muito alto e que seja produzido muito longe dos centros de consumo. Nessa conta, é necessário calcular também o custo com combustível, logística, do armazenamento, da perecibilidade do produto e da própria qualidade dos alimentos. No interior do país isso é muito claro, a relação entre agricultor e o consumidor é mais visível”, concluiu.

Para os pesquisadores, as políticas específicas, além de gerar renda e ocupação que são prioritários no desenvolvimento rural, devem contemplar também a produção de alimentos saudáveis, orgânicos, de abastecimento das cidades. “Mesmo o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) sempre teve dificuldade de garantir isso”, avaliou Galiza.

Leia a íntegra do Capítulo de Desenvolvimento Rural do BPS.

CidadeMarketing com informações do Ipea.

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