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Marketing, consumo e conflito de gerações

O conflito de gerações é uma realidade desde que o mundo é mundo, sempre existiu e sempre existirá.

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Recentemente, em uma entrevista para a televisão, uma jornalista me perguntou: – Carlos Hilsdorf como se resolve o conflito de gerações?

A resposta?

Não resolve!

Devemos aproveitar o conflito de gerações. Bem administrado ele é extremamente produtivo para a vida e os negócios. Deste conflito surge um atrito criativo, uma faísca que gera oportunidades em todas as direções.

Vejamos…

O conflito de gerações é uma realidade desde que o mundo é mundo, sempre existiu e sempre existirá. A simples diferença cronológica em termos de tempo vivido e experiências acumuladas entre duas gerações já basta para que estejam em momentos de maturidade psicológica diferentes, o que resulta em divergências.

A adolescência, tal qual a compreendemos atualmente, é o ritual de passagem da sociedade moderna, onde o cérebro matura seus mecanismos voltados à independência e sobrevivência, de onde deriva que este ser que se torna adulto, desvincule suas escolhas das de seus antecessores, que até então, não raro, decidiam por ele – fato que passa a incomodá-lo intensamente e é importante mecanismo evolutivo na individuação.

Portanto, o conflito, além de suas evidentes características temporais, culturais e antropológicas possui características neuropsicológicas importantíssimas!

Você pode me perguntar: por que, então, tanto estranhamento frente ao conflito de gerações quando ele envolve a geração Y? Qual a diferença deste conflito de gerações frente a todos os outros que o antecederam na história da humanidade? Como isso afeta o consumo e o marketing?

Três das várias diferenças:

1. A sucessão histórica, psicológica e mercadológica particular que envolveu a sequência baby boomers – geração X – geração Y.
2. O peso de uma revolução tecnológica onde a comunicação migrou da oralidade ancestral para a imagética moderna.
3. A organização de uma sociedade eminentemente urbana e construída ao redor do universo corporativo, no contexto da sociedade do consumo.

Os baby boomers cresceram ouvindo seus pais falando dos horrores da guerra e de como tinham que economizar para períodos de crise. A geração X cresceu ouvindo de seus pais que deviam estudar e trabalhar duro porque a prosperidade era fruto do número de horas dedicadas ao trabalho e que depois, ao se aposentarem, poderiam desfrutar a vida. Já a geração Y cresceu ouvindo de seus pais que poderiam ser o que quisessem na vida, se fossem originais, construíssem uma forte rede de relacionamentos e corressem atrás das oportunidades. Ouviram também que seus pais tinham dado um duro danado para lhes oferecer um futuro melhor e que tinham aberto mão de aproveitar a vida por conta disto.

Consequências…

A geração Y buscou a originalidade, a autoconfiança, prevaleceu-se da hiperinformação disponível e da conectividade para construir um excelente network, percebeu que a geração X dá muitas desculpas e reclama muito enquanto é possível fazer as coisas acontecerem mais rápido e, percebeu que seus pais não são assim “tão felizes”, porque adiaram demais os prazeres da vida. Daí deriva o caráter “imediatista” que se atribui à geração Y, que tem pressa de obter prosperidade em sincronismo com a época em que tem mais energia e disposição para curtir a vida!

Estas gerações juntas formam um mercado extremamente comprador e riquíssimo em oportunidades para novos produtos e serviços porque as três têm uma coisa muito importante em comum: decidiram que a hora de curtir a vida é agora!

Isso explica, em boa parte, o boom de turismo da melhor idade, o boom da construção civil de mais luxo e conforto da classe média e o estilo de consumo baseado em crédito adotado em massa pela geração Y que tem carro próprio, casa própria, viaja, conhece o mundo e só quer permanecer em empresas que lhe ofereçam oportunidades reais de aprendizagem e crescimento, pois aprenderam com os pais que ficar esperando promoções que nunca chegam costuma não compensar.

Tudo isso sem mencionar, mais a fundo, as gerações Z (os nativos digitais, filhos das gerações X e Y, pós a revolução WEB) e a geração Alpha (os nascidos a partir de 2010) que trarão ainda mais diferenças, particularidades e riqueza a este cenário plural e multitribal.

A história nunca foi tão rica e extraordinária em oportunidades de negócios!

Então, siga os hyperlinks e mentes à obra, pois “seguir em frente e mãos à obra” é da época dos baby boomers!

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