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Estudo descobre que realidade virtual pode ajudar a reduzir dor em procedimentos médicos simples

Pesquisa publicada em janeiro no British Journal of Dermatology diz que a realidade virtual poderia até substituir a anestesia local para reduzir a dor e desconforto em procedimentos médicos simples, além de ajudar pessoas com fobias a agulhas

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O medo de agulha é uma fobia que atinge de 3 a 10% da população mundial. Essas pessoas sofrem quando realizam algum procedimento médico simples, uma vez que a anestesia local, utilizada para reduzir a dor, é aplicada por meio de agulha. Mas uma nova pesquisa do British Journal of Dermatology descobriu que a realidade virtual (RV) poderia substituir a anestesia local para reduzir a dor e desconforto durante esse tipo de procedimento e ajudar pessoas com fobia de agulhas. “Pequenos tratamentos, como retirada de verrugas e curativos, são comuns na medicina. Uma solução atual para a dor associada a essas práticas é a injeção de uma anestesia local. No entanto, isso também causa dor e ansiedade nos pacientes”, afirma a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery).
A realidade virtual é um ambiente tridimensional interativo (gerado por computador), experimentado pelo uso de um dispositivo montado na cabeça, óculos de proteção e fones de ouvido com cancelamento de ruído conectados a um smartphone. “O ambiente simulado é multisensorial, muitas vezes incorporando configurações auditivas, visuais e de toque. E neste estudo dos EUA, nove pacientes, com idade entre quatro e 70 anos, receberam fones de ouvido de realidade virtual durante procedimentos menores que normalmente seriam dolorosos e poderiam exigir anestesia local”, afirma a médica. Os pesquisadores descobriram que todos os participantes incluídos no estudo experimentaram dor mínima, e 50% não referiram dor alguma. Todos os participantes, independentemente da idade, acharam a tecnologia simples de usar.
Dentre os participantes da pesquisa, sete pacientes foram submetidos à cauterização de verrugas, curativo em úlcera venosa na perna e injeção de anestésico para biópsia de pele. Os pacientes foram limpos e preparados conforme o padrão e, em seguida, equipados com um sistema de realidade virtual. Após alguns minutos de uso, o procedimento foi iniciado e, com a conclusão, cada paciente foi questionado sobre sua experiência e nível de dor utilizando escala de dor e foi dada pontuação baseada nas reações dos pacientes. “Cinco dos nove pacientes foram classificados com pontuação zero, não tendo demonstrado resposta à dor. A maior pontuação dentre todos os pacientes estudados foi apenas dois”, diz.
A médica destaca que a realidade virtual tem esse efeito positivo na dor devido à natureza multisensorial e imersiva do ambiente simulado. “Isso age como uma distração no cérebro, que interage com o modo como a dor é percebida”, diz. A Realidade Virtual é uma tecnologia relativamente recente e, como tal, a pesquisa nessa área é nova. No entanto, as técnicas de distração são usadas há muito tempo pelos médicos quando realizam esses procedimentos. “Há um grande número de pessoas para quem procedimentos médicos menores, como injeções ou retirada de pontos, são incrivelmente estressantes. Isso faz com que os pacientes adiem esses tratamentos o maior tempo possível, potencialmente colocando em risco sua saúde. Esta pesquisa está em um estágio muito inicial, mas sugere que a realidade virtual pode ser uma maneira de resolver esse problema”, afirma.
A médica também lembra que existe no mercado outras formas de “enganar os nervos responsáveis pela dor”, como dispositivos que vibram colocados próximo ao local do procedimento. “Isto faz com que ao invés de estímulo de dor, o nervo transporta a sensação de vibração ao cérebro, produzindo menor sensação de dor”, finaliza.
Fonte: Dra. Beatriz Lassance – Cirurgiã Plástica formada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC. Trabalhou no Onze Lieve Vrouwe Gusthuis – Amsterdam -NL e é Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery) e da American Society of Plastic Surgery. Além disso, é membro do American College of LifeStyle Medicine e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.

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