As ações do Banco do Brasil (BBAS3) registraram uma forte queda de quase 7% no pregão desta sexta-feira (01), refletindo a combinação de preocupações estruturais com o crédito rural e o aumento da tensão política e comercial entre Brasil e Estados Unidos.
Desde a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2025, o desempenho dos papéis do BB segue pressionado. O banco estatal surpreendeu negativamente o mercado com números abaixo das expectativas, principalmente em sua carteira de crédito agrícola, uma das principais frentes de atuação da instituição.
Crédito rural em alerta: problema agora é estrutural
Relatórios recentes de casas de análise apontam que o risco no crédito rural deixou de ser cíclico e passou a apresentar características estruturais preocupantes. Entre os principais pontos destacados pelos especialistas estão:
Perda de relevância como banco de relacionamento primário com produtores rurais, o que afeta a ordem de prioridade nos pagamentos;
Dependência de terceiros para o armazenamento de grãos usados como garantia, dificultando a execução dos contratos;
Impactos da Lei 14.112/20, que facilita a recuperação judicial de produtores e reduz a eficácia de garantias hipotecárias;
Entrada de produtores inexperientes (“aventureiros”), que aproveitaram o boom da soja e agora recorrem à Justiça para evitar inadimplência sem perder o acesso ao crédito.
Essa combinação de fatores tem pressionado a qualidade dos ativos da carteira rural do banco e alimentado a percepção de risco elevado no setor agro, historicamente considerado seguro dentro da atuação do BB.
Tensão com os EUA agrava cenário
Além dos desafios internos, o cenário externo também contribuiu para o pessimismo dos investidores. Segundo analistas, o desempenho negativo das ações também está relacionado às recentes sanções econômicas e políticas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, incluindo medidas oriundas da chamada Lei Magnitsky.
A inclusão de nomes do Judiciário brasileiro em listas de sanção e a escalada do “tarifaço” americano sobre exportações brasileiras adicionaram mais uma camada de risco político e cambial para empresas com forte ligação ao Estado — como é o caso do Banco do Brasil.
Mercado segue atento
Com o risco fiscal e político em evidência, além da deterioração da carteira rural, investidores demonstram maior cautela com ativos ligados ao governo federal. O BBAS3 é particularmente sensível a esse tipo de contexto por sua atuação estratégica no agronegócio e forte presença institucional.
De acordo com as informações disponíveis no Google, a ação BBAS3 – Banco do Brasil teve uma queda significativa de aproximadamente 33,54% nos últimos 6 meses (de fevereiro a agosto de 2025).
