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A estratégia do Tylenol180

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O medicamento Tylenol é considerado um dos mais bem – sucedidos cases de gestão de crise de marca em todos os tempos. Nos anos 80, algumas cápsulas de Tylenol foram comercializadas envenenadas com uma substância denominada cianeto. Foi o primeiro evento que se tem notícia de que cidadãos morreram ingerindo um produto farmacêutico que havia sido adulterado. O Tylenolconduziu a gestão desta crise de uma maneira tão apropriada para época, que alguns especialistas em marketing hoje tomam o case do remédio como exemplo a ser seguido. Não se trata de uma coisa fácil. Podemos dizer que o Tylenol lidou com um cenário adverso e emergiu da crise fortalecido, vendo o equity da marca alavancado, e o produto ganhando ainda mais market share.

Hoje é possível dizer que toda e qualquer empresa ou marca pode vivenciar uma situação de crise, não necessariamente tão grave como a do Tylenol, mas com consequências danosas à marca. A internet potencializou o poder de resposta e a demonstração das mais variadas emoções dos consumidores. E mais: o alcance é inevitavelmente global. Alguns exemplos já são conhecidos. O primeiro deles é o caso da rede Domino’s, quando funcionários no ano de 2009 gravaram um vídeo nada apetitoso que ganhou o mundo via internet. Mas há muitos outros. A United Airlines, Amazon, o FDA e a Motrin, uma marca da Johnson & Johnson, também vivenciaram momentos de angústia por conta do conteúdo que circulou no mundo digital. Todos aconteceram nos Estados Unidos, mas aqui no Brasil são diversos os casos de problemas na web enfrentados diariamente por companhias atualmente.

Isso não é necessariamente o fim do mundo. Algumas marcas conseguiram virar o jogo e transformar a crise numa oportunidade. É o conhecido ditado de que de um limão se faz uma limonada. Os especialistas em marketing já definiram esta reversão de cenário radical e muito bem-sucedida como Tylenol 180, em referência ao case de sucesso do remédio no passado.  O que todos estes cases de sucesso têm em comum para que cheguem ao estágio do Tylenol 180? Em primeiro lugar é necessário agir de forma muito rápida. Hoje em dia, ser veloz significa ser extremamente veloz. Novas avenidas de amplificação de conteúdo nascem e se proliferam diariamente. Antes de tudo é preciso entender que só é possível lidar com esta situação, se já houver um trabalho prévio de monitoramento de marca em todos os espaços, inclusive on-line, sendo realizado. Marcas mais preparadas possuem equipes ou se valem de profissionais especializados para desenvolver planos de contingência e monitorar o que acontece no mundo virtual. Monitorar, neste caso, é muito mais do que simplesmente abrir um laptop e ver o que há na internet. A palavra de ordem neste jogo é saber ouvir e aprender diariamente com o que os consumidores estão disseminando sobre sua marca ou empresa neste espaço.

Uma vez que se consegue ouvir o que está sendo discutido sobre sua marca, é preciso, então, agir prontamente com transparência, relevância e autenticidade. A JetBlue, por exemplo, soube resolver esta equação de uma maneira muito eficaz há poucos anos. O CEO na época David Neeleman, que aliás, é dono da companhia Azul, em operação no Brasil, assumiu total responsabilidade no problema que sua empresa enfrentou em 2007 em Nova York. A companhia aérea teve dificuldades no aeroporto JFK e, considerando que o posicionamento da empresa reforça o conceito de viagem divertida e humanizada, Neeleman percebeu de forma perspicaz que o sinal cruzado em que a empresa havia se metido, demandava rápida resposta. David Neeleman produziu, então, um vídeo que optou pelo tom emocional e aparentemente sincero no qual afirmou que todas as providências para evitar longos atrasos e melhorar os serviços da companhia aérea seriam tomadas. Neeleman ainda se desculpou de forma humilde, assumindo o erro. E a condução, vale reforçar, foi toda liderada pelo então presidente da companhia, o que, aos olhos do consumidor, dá muito mais credibilidade à mensagem.
No case Tylenol, que é emblemático, outra ação salta aos olhos para uma gestão de crise inteligente. A empresa, depois do escândalo, passou a entregar mais do que o consumidor esperava. A Johnson & Johnson promoveu recall imediato e trabalhou no redesenvolvimento do produto. Novos atributos foram agregados ao remédio, e os problemas, eliminados.
É válido reforçar que o profissional, gestor da crise ou advisor que vai lidar com a situação deverá realizar uma imersão no negócio da empresa em conflito. É preciso entender como agem os geradores deste boca a boca, ou seja, a qualidade e as características do produto, o atendimento ao consumidor, os call centers, o ambiente interno da empresa, o relacionamento com os diversos públicos da sociedade etc. Tudo com riqueza de detalhes. Esta certamente é a origem deste boca a boca digital. Estar no meio do furacão sem conhecer estes aspectos – ou o que chamamos de “talk drivers” – pode ser fatal.

Vejam como as coisas acontecem. No final da década passada, o músico canadense David Carroll, da relativamente pouco conhecida banda The Sons of Maxwell, solicitou à empresa United Airlines especial atenção no transporte de sua guitarra, que tinha valor físico e emocional. O pedido foi reforçado em diversas ocasiões no contato do músico com a empresa. Durante todo o atendimento, Carroll se irritou com o que descreveu como sendo descaso dos profissionais. O fato é que a guitarra acabou quebrando durante a viagem, e o músico – revoltado – compôs um clipe que virou febre na internet, via YouTube. O título: “United breaks guitars”.
Depois de verificar como atuam os influenciadores, ou seja, os internautas que deliberadamente estão discutindo a marca ou empresa no ambiente web, é preciso conhecê-los mais intimamente. Quem são os (micro) blogueiros que mais impactam na comunidade web? – e aí não estamos falando de blogueiros/jornalistas consagrados, mas, sim, do blogueiro que consegue reverberar suas opiniões nas comunidades. É preciso analisar o tom desta conversa: é jocoso, é imparcial, é emocional etc?. Quais são as chances de a empresa conseguir interagir planejadamente com este público? Uma forma maravilhosa de se identificar este influenciador é por meio da wikipedia, caso sua marca tenha uma página na enciclopédia virtual. Não é simples alterar o que está dito sobre sua empresa ou marca na wikipedia, mas uma forma de responder às eventuais críticas e acusações é se valer de outros canais, como blogs, sites de review, entre outros.

As companhias precisam ainda, numa situação delicada, repensar seus próprios websites. Muitos deles não estão preparados para momentos de crise, são engessados, e vários foram desenvolvidos num momento em que o mundo vivia uma outra realidade digital. Plataformas de feedback, ou seja, os canais no website, fanpage entre outros em que o usuário pode entrar em contato com a empresa, de preferência nos seus termos, ao seu estilo, precisam ser aprimorados. Entre outras diversas ações necessárias, o website pode ainda inserir ferramentas de busca externa e interna, sempre com informações relevantes da crise no topo dos resultados. Isto o internauta vai enxergar como transparência. Trata-se de ousadia, mas é transparência. Outras sugestões são: bom senso na publicidade em meio à crise e humanização dos call centers, para que a empresa consiga captar corretamente feedbacks de seus consumidores e aprender com os seus erros. Assim como verificar com lupa os rastros digitais deixados em arquivos antigos que ficaram perpetuados nos sites de busca. Tudo isso dá uma enorme oportunidade de melhorar pontos de contatos e ver no que a marca não consegue tornar sua promessa uma realidade.

As companhias e marcas precisam admitir que a relevância do website – que passou há muito do estágio de simples cartão de visita da empresa – é cada vez maior. O canal se tornou uma ferramenta extremamente estratégica e, no futuro, tende a ficar ainda mais. Será social, será real time, será mais dinâmico e, portanto, imprescindível.
Estas são pequenas pílulas da estratégia do Tylenol 180. Mas há muito mais. A beleza e a raridade deste marketing move, como podemos ver, são diretamente proporcionais. Para algumas empresas e marcas, fica provado, a crise é a melhor coisa que poderia acontecer.

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Marketing, consumo e conflito de gerações

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Recentemente, em uma entrevista para a televisão, uma jornalista me perguntou: – Carlos Hilsdorf como se resolve o conflito de gerações?

A resposta?

Não resolve!

Devemos aproveitar o conflito de gerações. Bem administrado ele é extremamente produtivo para a vida e os negócios. Deste conflito surge um atrito criativo, uma faísca que gera oportunidades em todas as direções.

Vejamos…

O conflito de gerações é uma realidade desde que o mundo é mundo, sempre existiu e sempre existirá. A simples diferença cronológica em termos de tempo vivido e experiências acumuladas entre duas gerações já basta para que estejam em momentos de maturidade psicológica diferentes, o que resulta em divergências.

A adolescência, tal qual a compreendemos atualmente, é o ritual de passagem da sociedade moderna, onde o cérebro matura seus mecanismos voltados à independência e sobrevivência, de onde deriva que este ser que se torna adulto, desvincule suas escolhas das de seus antecessores, que até então, não raro, decidiam por ele – fato que passa a incomodá-lo intensamente e é importante mecanismo evolutivo na individuação.

Portanto, o conflito, além de suas evidentes características temporais, culturais e antropológicas possui características neuropsicológicas importantíssimas!

Você pode me perguntar: por que, então, tanto estranhamento frente ao conflito de gerações quando ele envolve a geração Y? Qual a diferença deste conflito de gerações frente a todos os outros que o antecederam na história da humanidade? Como isso afeta o consumo e o marketing?

Três das várias diferenças:

1. A sucessão histórica, psicológica e mercadológica particular que envolveu a sequência baby boomers – geração X – geração Y.
2. O peso de uma revolução tecnológica onde a comunicação migrou da oralidade ancestral para a imagética moderna.
3. A organização de uma sociedade eminentemente urbana e construída ao redor do universo corporativo, no contexto da sociedade do consumo.

Os baby boomers cresceram ouvindo seus pais falando dos horrores da guerra e de como tinham que economizar para períodos de crise. A geração X cresceu ouvindo de seus pais que deviam estudar e trabalhar duro porque a prosperidade era fruto do número de horas dedicadas ao trabalho e que depois, ao se aposentarem, poderiam desfrutar a vida. Já a geração Y cresceu ouvindo de seus pais que poderiam ser o que quisessem na vida, se fossem originais, construíssem uma forte rede de relacionamentos e corressem atrás das oportunidades. Ouviram também que seus pais tinham dado um duro danado para lhes oferecer um futuro melhor e que tinham aberto mão de aproveitar a vida por conta disto.

Consequências…

A geração Y buscou a originalidade, a autoconfiança, prevaleceu-se da hiperinformação disponível e da conectividade para construir um excelente network, percebeu que a geração X dá muitas desculpas e reclama muito enquanto é possível fazer as coisas acontecerem mais rápido e, percebeu que seus pais não são assim “tão felizes”, porque adiaram demais os prazeres da vida. Daí deriva o caráter “imediatista” que se atribui à geração Y, que tem pressa de obter prosperidade em sincronismo com a época em que tem mais energia e disposição para curtir a vida!

Estas gerações juntas formam um mercado extremamente comprador e riquíssimo em oportunidades para novos produtos e serviços porque as três têm uma coisa muito importante em comum: decidiram que a hora de curtir a vida é agora!

Isso explica, em boa parte, o boom de turismo da melhor idade, o boom da construção civil de mais luxo e conforto da classe média e o estilo de consumo baseado em crédito adotado em massa pela geração Y que tem carro próprio, casa própria, viaja, conhece o mundo e só quer permanecer em empresas que lhe ofereçam oportunidades reais de aprendizagem e crescimento, pois aprenderam com os pais que ficar esperando promoções que nunca chegam costuma não compensar.

Tudo isso sem mencionar, mais a fundo, as gerações Z (os nativos digitais, filhos das gerações X e Y, pós a revolução WEB) e a geração Alpha (os nascidos a partir de 2010) que trarão ainda mais diferenças, particularidades e riqueza a este cenário plural e multitribal.

A história nunca foi tão rica e extraordinária em oportunidades de negócios!

Então, siga os hyperlinks e mentes à obra, pois “seguir em frente e mãos à obra” é da época dos baby boomers!

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Mais 10 lições para empreender

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Continuando meu artigo publicado aqui, reuni mais algumas dicas dadas por empreendedores bem sucedidos para quem vai está começando sua jornada empreendedora:

 

11) Pare para afiar o machado. A pausa é importante para darmos chance ao cérebro reorganizar-se para rever como as coisas estão sendo feitas. Quando estamos com um problema de difícil resolução, a concentração e foco podem ser prejudiciais à busca por uma solução mais adequada porque quanto mais imersos estivermos na situação menos possibilidades enxergamos. Precisamos sair do contexto do problema para permitir nossa mente fazer novas conexões. Procure se lembrar, as suas melhores ideias não surgiram no meio da noite, durante uma caminhada ou debaixo do chuveiro?

 

12) Toda diversidade é bem vinda. Ao montar uma equipe de trabalho, procure reunir pessoas diferentes, em termos de formação, linhas de raciocínio, origem cultural e étnica, características pessoais, crenças e valores. A diversidade é importante nos grupos porque aumenta as chances de discussão e debate em torno de um tema relevante. Quando todos num grupo são muito alinhados e pensam sempre do mesmo jeito, é provável que todos concordem com proposições e soluções com rapidez e unanimidade. Nem sempre são as melhores soluções. Equipes diversificadas dão margem a conflitos e eles são bem vindos porque suscitam a necessidade de se discutir com mais profundidade propostas e assegurar-se que pontos de vista distintos foram considerados.

 

13) Amplie seus limites. Abomine o ‘não consigo’ de seu vocabulário. Na maioria das vezes, nós mesmos impomos nossos limites. Nós podemos muito mais do que acreditamos, só não temos coragem de tentar. Muitos sequer conhecem seus próprios limites, quanto mais saber que podem ser superados. Você se surpreenderá com o que consegue fazer. Descubra até onde pode ir, e chegando lá, tente ir um passo a mais. Precisamos aprender a calar aquela vozinha que fica repetindo o tempo todo na nossa cabeça: ‘Você não vai conseguir!’

 

14) Não espere que as coisas caiam do céu. Os maiores empreendedores foram atrás de seus sonhos. Não se limitaram a esperar que a situação ficasse totalmente adequada, não esperaram até que tivessem todas as condições e recursos plenos e nem paralisaram diante das negativas e limitações. Se você espera que algo seja feito. Faça! Tenha iniciativa!

 

15) Aprenda sempre. O auto-desenvolvimento está ao alcance de todos, em todos os momentos. Não ache que as pessoas só se desenvolvem em cursos e treinamentos. O empreendedor se desenvolve em qualquer lugar, em qualquer circunstância. Na leitura de livros, no bate-papo no almoço, nos comunicados internos, lendo revistas e jornais, conversando com profissionais experientes, no uso de tecnologias, conhecendo novos lugares. Aproveite todas as oportunidades para aprender mais sobre tudo.

 

16) Conheça o negócio da sua empresa. Não basta conhecer bem sua atividade. Um especialista técnico não é um empreendedor. É preciso conhecer bem seu setor de atuação, seu mercado, seu negócio. Não há necessidade de ser um especialista em tudo, mas um conhecimento generalista para ter uma ideia de todos os componentes da dinâmica que faz o seu negócio funcionar é fundamental e o mínimo para poder tomar decisões estratégicas.

 

17) Cometa erros. Todo erro ou falha é, para o empreendedor, uma chance para aprender. Muitos aprendizados só acontecem pela tentativa e experiência, não na teoria. Deixe-se levar pelo espírito da aventura. Assuma os riscos inerentes a este tipo de aprendizado. Um bom erro é aquele que o leva a conclusões sobre o que poderá ser feito diferente na próxima vez. Um mal erro é aquele em que não se tira nenhuma lição e é passível de ser cometido novamente.

 

18) Cuidado com a rotina. Não se acostume a fazer sempre as mesmas coisas como sempre foram feitas. Quando você se acostuma com as rotinas não consegue ver o que realmente importa, perde a eficácia, a visão crítica e não percebe que se pode chegar a resultados melhores quando questionamos as coisas como são feitas. Sempre tem um jeito melhor de se atingir os mesmos resultados.

 

19) Questione tudo, nada é sagrado. As maiores inovações vieram de quem teve a coragem de perguntar ‘porque isso nunca foi feito antes?’. O mundo muda, o contexto sob o qual certas coisas foram criadas e certos hábitos adquiridos mudam o tempo todo, fazendo com que novas possibilidades se abram e surjam os espaços para fazer diferente, trazendo inovações que abrem oportunidades de novos negócios.

 

20) Promova o auto-conhecimento. Descubra suas principais competências e suas fraquezas. Com este conhecimento você é capaz de explorar melhor suas virtudes e tirar melhor proveito delas para aproveitar oportunidades, assim como sabe também em que circunstâncias é recomendável ir com alguém que o complemente em seus pontos fracos. Quanto melhor você se conhece, menos riscos corre.

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Sua marca é sustentável? Até que ponto?

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As redes sociais e suas plataformas aceleram o processo de humanização das marcas, que agora precisam mostrar personalidade, ter carne e osso, tornando fácil o relacionamento das empresas com os seus stakeholders. Acabou aquele comportamento controlador. Isto me leva a crer que o approach dos consumidores delineia uma das maiores tendências do branding atual, que é a construção de marcas fortes cada vez mais conectadas a ideologias e causas. Estas marcas têm que se comportar como pessoas – é o que os outros cidadãos agora esperam delas! As empresas, agora, precisam sair de cima do muro, mostrando suas essências, crenças e apostas.

 

As marcas que vão fazer a diferença são aquelas que inspiram seus stakeholders a serem pessoas melhores, a fazer o mundo em que vivemos ficar melhor, tornando a nossa vida mais sustentável. O planeta agradece, e o consumidor individualmente também. Na era da transparência radical e da responsabilidade, antes de qualquer coisa, confiança e credibilidade precisam ser conquistadas pelas marcas. Chega de discurso. Nada mais é mera questão de escolha. Todas as dimensões da empresa são visíveis para qualquer um que quiser ver. Numa conversa – que acabou no livro “Brand Digital” – a futurista Faith Popcorn argumenta ao profissional de branding Allen Adamson – que o mundo digital está fazendo com que as marcas sejam enxergadas em sua totalidade. “Não apenas relativo ao que elas vendem, mas também pela fibra moral que a elas está relacionada”, afirma a futurista.

 

Uma marca que conseguiu alcançar esta autenticidade e afirmação – ainda pouco conhecida aqui no Brasil – é a Patagonia, que é referência em “sustainable fashion”, ou seja, moda sustentável. A Patagonia se celebrizou por promover eventos que demonstram forte apego às questões ambientais. O próprio nome da empresa já remete à ideia de natureza e preocupação ambiental – lembre-se das geleiras da Patagônia que estão derretendo em razão do aquecimento global. O site da Patagonia e o blog lá contido fazem a empresa respirar autenticidade e intimidade com a causa a que ela abraçou. Vale a pena ressaltar que não somente o on-line, mas também o offline da empresa é muito consistente.
É importante lembrar que para que o “equity” de sua marca cresça fortemente, os esforços de sustentabilidade precisam estar diretamente relacionados com o que sua marca realmente representa na mente de seu público. Dois cases já são clássicos. O primeiro é o da GE, especialmente quando a empresa se envolve em causas de energias alternativas. Ora, a GE lembra automaticamente duas questões: energia e imaginação. Basta lembrar que o seu fundador, Thomas Edison, é o criador da lâmpada bulbo. Nós, consumidores da GE, imaginamos que fontes de energia alternativa estejam relacionadas instintivamente com a companhia.

 

Outro exemplo é a marca de produtos – entre outros, vários de limpeza – Clorox. Digamos que, quando esta empresa se envolve com estudos para melhorar o ar, despoluindo o ambiente, ela está fortalecendo a percepção do consumidor sobre algo que é intimamente ligado a seu core business. E aqui vai uma pergunta: que consumidor não gostaria de comprar um produto de limpeza de uma companhia que, de certa forma, está contribuindo para a despoluição do planeta? Quando compramos algum produto do portfólio da Clorox, vamos nos sentir ainda melhor ao lembrar que a empresa está envolvida com a causa da higiene ambiental em diversas partes do mundo. Nossa consciência social vai se sentir bem, e nosso cérebro vai admitir a possibilidade de compra. Afinal, a proposta da marca é limpeza e saúde.

 

Há vários exemplos de empresas cujo líder tem carisma, apelo na sociedade e que demonstra preocupação com a questão da sustentabilidade. Muitos deles investem grandes recursos para semear a sua causa e tentar de alguma forma conectar suas marcas a um apelo sustentável. No entanto, se isso não estiver de algum modo linkado com a promessa central da marca, este esforço é inútil. Esforços de sustentabilidade, como qualquer outra ação de branding, só farão sentido se estiverem atrelados à diferença relevante que a marca promove.

 

E é aí que os pontos de contato podem contribuir de forma relevante. As empresas hoje em dia estão gastando bilhões no Brasil em relatórios de sustentabilidade e programas de reciclagem interna, que, sim, são necessários, mas estão deixando de lado uma parte essencial nesta equação que é a de escutar aquilo que o público on-line tem a dizer. A conversa do público digital, hoje em dia, oferece uma série de insights que podem revelar o comportamento de compra e aquilo que o seu consumidor realmente pensa que é sustentabilidade em relação a sua marca.
Nossa consultoria tem feito recentemente, por exemplo, alguns estudos nos quais é possível comparar e cruzar os esforços pró-ativos de comunicação no âmbito de sustentabilidade das marcas (RP tradicional, anúncios em mídia impressa e TV etc.) com o que está inserido na Wikipedia. Isto nos possibilita identificar o nível de sinais cruzados que tais marcas estão gerando.

 

De fato, plataformas de busca estão cada vez mais sociais e “real time”. Levando em consideração que o boca a boca viaja muito mais rápido através do “retwittering” e que deixará rastros digitais permanentes, é um vácuo enorme em qualquer estratégia de sustentabilidade não dedicar esforços sérios e profissionais ao público digital. A reputação da sua marca e dos esforços que ela agrega em sustentabilidade têm uma relação simbiótica com os resultados do Google e afins.
Sem o boca a boca nada é sustentável.

 

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A inovação vem da necessidade

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Morita conta como era o conturbado Japão do pós guerra. Um Japão destruído, sem emprego, sem dinheiro, sem matéria-prima. No trem para Tóquio, onde tentaria trabalhar como professor, ele se perguntava: ‘Como sobreviver? Quem sabe posso fazer alguma coisa? O que os japoneses precisam agora?’ ‘Tudo’ era a resposta mais óbvia. Mas ao comer um bolinho de arroz que trazia para a viagem, veio a idéia: Arroz. ‘Quem sabe eu não poderia fazer algo para ajudar a cozinhar arroz?’ Só que no Japão destroçado não havia metal em parte alguma, mas, por ter servido como oficial técnico durante a guerra, ele teve fácil acesso aos então inúteis compartimentos de bombas dos aviões. Ele então pegou os tanques e os reformou para fabricar as primeiras máquinas de cozinhar arroz.

Seu segundo produto foi a fita magnética. Morita relata suas dificuldades em encontrar material adequado para servir como fita e como improvisaram papel usado para este fim. Depois extraíram o material magnético, o óxido de ferro, a partir de ferrite oxálico aquecido em frigideiras e pintaram nas fitas com a mão. As primeiras gravações eram horríveis, mas eles foram aperfeiçoando o produto que acabou culminando com um excelente contrato de fornecimento de fitas para a IBM em 1965.

Esta e outras histórias que Akio Morita conta em seu livro, ‘Made in Japan’, sobre sua vida e sua empresa, a Sony, lhe dão toda a autoridade para afirmar que ‘Todos podemos ser inovadores quando nossa vida depende daquilo’.

Infelizmente, a maioria das empresas não cultiva a inovação em seus negócios. Aliás, muito pelo contrário, vemos muitas iniciativas para impedir o processo criativo nas empresas. Larry Farrell, um dos grandes estudiosos do empreendedorismo corporativo, explicou as sete formas de se matar a inovação na empresa:
1) Eu estou OK, você está OK. Se estamos todos em situação confortável, por que mudar? Por que inovar? Por que querer fazer algo diferente?
2) Alta direção desconectada, que acaba por não estimular um ambiente propício à inovação.
3) Falta de contato. As boas idéias não vêm da sua cabeça. Geralmente vêm do cliente, ou do concorrente. Se você não estiver em contato com eles perderá boas fontes de idéias.
4) Centralizando tudo. A visão taylorista de administração: ‘Eu faço tudo, você não precisa pensar, só obedecer.’
5) Laboratório distante de tudo. Estar longe do seu mercado significa alto risco de inventar o que ninguém quer.
6) Controle total ao Marketing. Quando eles só pensam em melhorar o que já existe e se prendem a paradigmas que impedem o desenvolvimento do espírito inovador.
7) Um único jeito de fazer as coisas. Quando os processos estão cristalizados, os seus executores não conseguem vislumbrar formas diferentes de se fazer as mesmas coisas.

Quem conhece uma animação da Pixar/Disney intitulada ‘Vida de Inseto’, vai se lembrar de um excelente exemplo deste último item. No início do filme, Flick uma formiguinha ‘inovadora’ procura demonstrar as vantagens de um equipamento que ele inventou para facilitar a colheita de grãos. ‘Flick, não temos tempo para isso’ diz uma das formigas. ‘Mas é justamente isso! Com a minha ceifadora poderemos ampliar a produção e ganhar mais tempo!’ argumenta Flick. ‘Ora, esqueça isso, largue este troço, volte para a fila e colha os grãos como uma formiga’ todos dizem. E ele se vai, frustrado (mas não resignado como se verá ao longo do filme). ‘Ceifadora, hunf! Fazemos a colheita assim desde que eu era uma larvinha!’ diz o mais velho da colônia. Alguma semelhança com situações que conhecemos?

Mas o maior estimulador da inovação é mesmo a necessidade, como Morita já demonstrou. Outro empreendedor, Larry Hillblom da DHL também tem histórias para contar. Ao tentar transformar seu trabalho de entregador free-lance em uma companhia, Larry esbarrou nos bancos para obter crédito. Eles simplesmente não acreditavam numa empresa de entregas que não tivesse uma rede formada. Nada mais óbvio, não? Pois Larry passou então a viajar aos principais países para recrutar voluntários. No limite da necessidade, perguntou a um motorista de táxi em Sidney se ele não gostaria de se tornar o presidente da DHL na Austrália, e ele aceitou. Depois de um ano, com sua ‘rede’ mundial formada, ele voltou e conquistou a confiança do Bank of América para iniciar o negócio. Hillblom ensina: ‘Podemos fazer muito mais em uma hora de crise do que em um mês de tranquilidade.’

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Persona da Marca: Parte importante da Estratégia nas Mídias sociais

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Todo relacionamento requer um nível de afinidade entre as partes para que se estabeleça um elo afetivo, social e uma interação. Os sentimentos e as relações interpessoais acontecem entre as pessoas e as marcas, já que reconhecemos nelas características psicológicas, comportamentais, emocionais e, até, de caráter.   Baseados em nossas percepções, formamos opiniões e demonstramos sentimentos que podem ser facilmente compartilhados, o que se amplia hoje com as redes sociais. Por isso, cresce a importância de as marcas se tornarem cada vez mais humanas e personalizadas visando estabelecer um vínculo emocional mais forte e duradouro.

 

Uma das principais estratégias para essa humanização é a criação do que chamamos de Persona da Marca, que deve ser debatida até mesmo antes da definição de seu logotipo. Essa persona leva em conta sua história, características emotivas e físicas, personalidade, valores e ideias compatíveis com as do seu público-alvo, que poderão ser alteradas com o tempo ao vivenciar experiências e aprender coisas novas. Além disso, é extremamente importante a empresa ter uma postura de transparência, principalmente quando a marca comete erros.  A criação da Persona é uma estratégia de comunicação muito eficiente para obter lembrança de marca, permitindo um menor esforço de mídia (frequência) para a transmissão de uma mensagem, já que esta se dissemina de uma maneira muito mais natural entre os seus públicos.

 

Segundo a Consultoria Digitalents é importante a empresa encarar o momento de criação da Persona da Marca como uma oportunidade para rever seus conceitos, valores e avaliar se os mesmos se refletem em suas ações para realizar mudanças e correções, caso seja necessário.  Essa Persona, algumas vezes, se transforma num tipo de mascote, mas é necessário ressaltar que são coisas diferentes. Um exemplo disso é o Pinguim, da rede de lojas Ponto Frio, utilizado com a finalidade de promover engajamento e, até mesmo, diferenciação nas redes sociais, ele é a personificação da marca – o responsável por manter um relacionamento com os clientes – e prospects – aproximando-se do seu público, gerando identificação e empatia. Trabalhar dessa forma facilita a geração de um conteúdo com linguagem mais adequada ao público-alvo. Outro exemplo ocorre com o Magazine Luiza, que tem a “Lú”, um personagem que está presente nas redes sociais, no site da empresa recomendando produtos, além de ter o seu próprio blog num modelo de SAC 2.0, criado para fornecer conteúdo sobre produtos.

 

De qualquer forma, a Persona da Marca se destacou na era das mídias sociais, quando a preocupação com relacionamento, conteúdo e transparência ganhou força. No entanto, poucas empresas ampliam sua atuação para torná-la a base da estratégia de relacionamento. Vale ressaltar também a importância de que esse posicionamento adotado nas mídias sociais reflita no atendimento off-line (lojas físicas).   Para entender melhor o sucesso de certas estratégias, é importante ter um novo olhar para o consumidor e o seu comportamento: pouco tempo, dúvidas sobre uma grande variedade de produtos disponíveis e medo de errar nas suas escolhas. A solução encontrada por muitas pessoas é procurar por “especialistas”, pessoas reconhecidas num assunto específico, próximas e confiáveis, que possam lhe ajudar a minimizar os erros na tomada de decisão. É exatamente neste ponto que estratégias que tornam a marca mais humana se diferem das outras e, consequentemente, obtém vantagem competitiva. Afinal, as pessoas, hoje, são mais informadas, exigentes, demandam um relacionamento mais próximo e relevante por parte das empresas, ou seja, mais humano, transparente e orientado para seus próprios valores, que possibilite aproximação e troca de experiências para que sejam construídos fortes elos de encantamento, engajamento e fidelização.

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O mercado dentro do armário

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Dezoito milhões de pessoas, 78% com cartão de crédito e com renda salarial média de R$ 3.247. Qual mercado não gostaria de aproveitar tal potencial de consumo? Aparentemente, o brasileiro. Esse é o resultado de pesquisas sobre o consumo de homossexuais no Brasil, que, além de todos estes pontos positivos, ainda gastam 30% mais na comparação com heterossexuais. E alguém conhece uma marca que tenha atitude positiva em relação a gays? A maioria está dentro do armário.

Levantamento da empresa Market Analysis mostra que apenas um em cada dez brasileiros sabe apontar uma marca que tenha atitude positiva com o consumidor homossexual. Isso abre duas opções: ou as empresas ainda não se deram conta deste perfil de consumidores ou precisam melhorar suas estratégias de marketing. E quando cito estratégias, que fique claro, não quero dizer segregação. Não acredito que o caminho seja o lançamento de linhas exclusivas para este público. É justamente o contrário: o caminho seja a inclusão homossexual em serviços e produtos já tradicionais.

O Banco Itaú, por exemplo, já oferece a opção de financiamento imobiliário para duas pessoas solteiras do mesmo sexo que vivem em conjunto, sem relação de parentesco entre si. A Tecnisa, do ramo imobiliário, percebeu que casais homossexuais gostam de apartamentos customizados e investiu na formatação de seus lançamentos para agradar este público, como banheira de hidromassagem, cozinha americana, closet e academia. Além disso, inovou ao lançar uma propaganda com uma imagem de duas cuecas penduradas em um varal, com a frase “mais cedo ou mais tarde, vocês vão morar juntos”.

Não são ações que excluem o público heterossexual, mas que convidam os homossexuais a participar de maneira igualitária. O Rio de Janeiro, uma das cidades mais turísticas do mundo, leva a causa tão a sério que criou uma Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual em 2011. O objetivo é treinar donos de estabelecimentos comerciais e funcionários no trato de clientes, independentemente de sua orientação sexual. A velha máxima do “volte sempre” pode mesmo funcionar nestes casos, pois os gays gastam três vezes mais e permanecem 2,5 vezes mais tempo no Rio de Janeiro do que heterossexuais, de acordo com pesquisa da Embratur.

A própria Parada do Orgulho LGBT, em São Paulo, que reúne milhões de pessoas, é cenário perfeito para que as marcas promovam campanhas e se apresentem para este público de maneira amigável, muito além de apenas colocar balões coloridos na avenida. Uma pesquisa feita com 30 mil gays de todo o mundo pela Community Marketing revelou que as políticas internas das empresas têm influência em suas decisões de compra. A não-discriminação na hora da contratação e o reconhecimento de um parceiro do mesmo sexo contam pontos para 45% dos entrevistados.

O preconceito já não pode ser mais visto somente como uma manifestação pessoal. Deve ser observado também no mundo corporativo. Marcas que desviam seu olhar do crescente número de casais homoafetivos podem – e vão – perder espaço para seus concorrentes que não fogem da diversidade.

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Burocracia, um mal necessário

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Um amigo empreendedor me confidenciou uma vez que o que estraga na vida dele é ter que lidar com a parte burocrática da empresa: Folha de pagamento, demonstrações contábeis, controle dos estoques, reconciliação bancária, elaboração de contratos, planejamento de fluxo de caixa, envio de títulos para protesto, revisão do cadastro de clientes, e mais uma infinidade de coisas que não tem nada a ver com o negócio em si.  Ele tem um centro automotivo e sua grande paixão é atender os clientes, conversar sobre carros, explicar as vantagens de uma revisão programada, orientar funcionários no uso de um equipamento computadorizado de diagnóstico, aprender com representantes de fornecedores algumas dicas para avaliação de suspensão em veículos importados, navegar pela Internet para se informar sobre o que há de mais novo em tecnologia de manutenção. Ele nunca imaginou, ao abrir seu negócio, que precisaria se preocupar com estes ‘detalhes’.

 

‘Bem, mas são estes ‘detalhes’ que definem o sucesso do seu negócio’, aleguei. ‘Porque você não contrata um administrador para cuidar disto?’, sugeri. Sua resposta foi lacônica: ‘Ora, estes profissionais são muito caros. Outro dia eu vi o salário médio de um gerente administrativo para uma empresa como a minha. Não compensa! Eu não gosto, mas não tem outro jeito, tenho que fazer eu mesmo.’

 

Este episódio me veio à mente justamente quando me vi obrigado a preencher aqueles diários de classe que todo professor odeia. Ao final de cada bimestre, temos que preencher quadradinhos, contar faltas, calcular médias, preencher diários. Aquela obrigação burocrática que o MEC exige e que me colocou no lugar do meu amigo, me ajudando a sentir o que ele sente. Falar é fácil, até o momento em que você vivencia o mesmo drama. O meu prazer está na sala de aula. É explicar o mundo das corporações para os alunos, abrir sua mente e me extasiar com suas descobertas e seu processo de transformação.

 

Em suma, todos nós temos uma parcela de burocracia, ou obrigações que, à primeira instância, podem parecer mera perda de tempo, mas, se pensarmos bem, ela é necessária, pelo menos para alguém. O grande problema é que nem sempre questionamos se alguém atribui algum valor pelo que fazemos.  Nos primórdios da administração profissional, Max Weber e outros teóricos da administração desenvolveram suas idéias sobre a necessidade das organizações aprenderem a estabelecer controles, regras, fluxos e métodos para diminuir as crescentes perdas decorrentes da desorganização e desordem em processos que aumentavam de complexidade na medida em que as empresas cresciam.

 

Graças à burocracia, não se perdia mais pedidos de clientes, sabia-se exatamente quantos itens havia em estoque e quantas peças foram rejeitadas no controle de qualidade. A burocracia permitiu que as compras fossem mais inteligentes, pois a decisão se concentrava em apenas uma pessoa. As pessoas sabiam exatamente quem fazia o quê, os processos passaram a fluir mais ordenada e rapidamente. A burocracia ajudou a ‘pôr ordem na casa’.  Mas com o tempo, a burocracia acabou ganhando uma interpretação bastante pejorativa, designando todo e qualquer processo que ‘amarra’ a empresa e impede não só o seu crescimento como a inovação. O problema é que as vantagens de sua implantação acabaram por alçá-la a um patamar de valorização extremada que levou ao excesso de uso. De repente, nos encontramos mergulhados num mar de papel, carimbos, assinaturas, comprovantes, relatórios e verificações como se mais burocracia trouxesse mais eficiência.

 

A despeito desta conotação negativa, a burocracia é importante e sempre será. O que precisamos é usá-la com bom senso. O empreendedor típico rejeita a burocracia porque olha apenas o seu lado negativo. Como vivemos em vários sub-níveis da sociedade e não atuamos sozinhos nunca, constantemente precisamos prestar contas ao governo, aos funcionários, aos chefes e empregadores, aos clientes e fornecedores, às associações de classe e aos parceiros e sócios. Que outra forma pode-se aprender com o passado? Como se pode planejar o futuro sem informações? Como garantir que parceiros cumpram com que lhes é devido? Como o MEC pode avaliar a qualidade dos cursos superiores?

 

As pessoas precisam das regras, pois se sentem mais seguras quando elas existem. Mesmo para eliminar regras, é preciso estabelecer outras. Uma vez minha filha pediu para ir à piscina com a amiga. Eu disse que não, pois ela sabia que a regra era: nenhuma criança pode ir à piscina sem um adulto junto. Mas, como ela já tinha crescido e ambas já sabiam nadar bem, resolvi ceder, mas não sem antes colocar outras regras: Não corram em volta da piscina, não se separem uma da outra, dentro de 1 hora vocês têm que estar de volta, nada de brincadeiras perigosas.

 

Liberdade é assim, não se dá de uma vez só, senão as pessoas perdem a referência. Vai se dando aos poucos, e avaliando como elas vão lidando com a liberdade que estão conquistando. Quando a pessoa domina o processo, a regra é inócua e passa a ser vista de forma pejorativa, como algo negativo, que trava e amarra o processo. Para reinventar a burocracia precisamos trocar as regras rígidas por regras mais flexíveis na medida em que as pessoas vão aprendendo mais sobre o processo. Só assim nossas empresas finalmente poderão se tornar mais competitivas por meio da inovação.

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Como incrementar sua capacidade inovadora

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Hoje é inquestionável a busca das empresas por profissionais que, além de bem qualificados para executar suas funções, sejam também criativos. Todos nós nascemos criativos, mas a vida acaba nos impondo restrições que nos obrigam a aprender a pensar sempre de um mesmo jeito, sempre alinhado com o que as pessoas pensam. Isso é extremamente normal, pois caso contrário nem sequer seriamos aceitos socialmente. O problema é que quando nos acostumamos a pensar sempre do mesmo jeito e sempre buscando a concordância dos outros, acabamos matando nossa capacidade de pensar diferente e, consequentemente, nossa capacidade criativa. Dá para mudar isso? Com certeza, mas exige um certo esforço cujos resultados não vêm de uma hora para outra e nem de uma vez só. A seguir passo algumas dicas para você melhorar sua capacidade de pensar diferente e gerar inovações.

 

Desafie as regras – Todos nós, sem exceção, somos doutrinados a seguir regras desde a infância. ‘Não faça isso’, ‘Não suba aí’, ‘Isso é errado’, ‘As pessoas não fazem assim’. Cada ‘não’ que ouvimos é um tijolo que colocamos em paredes que formam ‘caixas’ que nos cercam, nos protegem e permitem que sejamos aceitos socialmente. Ao chegarmos à idade adulta, o fato de estarmos encerrados nestas caixas do pensamento impedem que visualizemos uma realidade fora deste mundo de regras. Existe um jargão típico entre os consultores de criatividade que é ‘Pensar fora da caixa’, que na verdade, nada mais é que desafiar estas mesmas regras que nos podam o pensamento inovador e imaginar como ficaria cada situação se não houvesse regras, se não estivessemos presos aos paradigmas sociais e legais que formam os paradigmas do que é ‘certo fazer’, do que é correto e aceito pelas pessoas. Pensar fora da caixa é criar situações em que você possa se desvencilhar das convenções e normas e elevar o pensamento para encontrar soluções inovadoras e criativas.

 

Dê um ‘toc’ na cuca – Muitas vezes precisamos que alguma coisa aconteça em nossas vidas para que saiamos do marasmo da rotina e impulsionemos nossa mente para explorar todas as possibilidades para lidar com situações adversas. Um ‘toc’ na cuca pode ser dado por uma demissão, a perda de um parente próximo, uma viagem inesperada, um assalto, ou uma coisa positiva também, como uma promoção, um elogio vindo de alguém que você não esperava, regando o jardim. A revista Você S.A. publicou uma vez uma parábola que contava como dois monges foram bem recebidos por uma humilde família que repartiu o pouco que tinha para recebê-los e ofereceu sua casa para o pernoite. Ao saber que tudo que eles tinham era graças a uma vaca que lhes dava leite para beber e vender, o monge mais idoso ordenou seu colega que empurrasse a vaca penhasco abaixo no meio da madrugada. Sem entender, o jovem monge obedeceu. Na manhã seguinte, bem cedo, antes de todos acordarem, eles se foram. Depois de alguns anos, o jovem monge fez o caminho novamente e quis matar a curiosidade sobre o fim que levou aquela família. Qual não foi a sua surpresa ao descobrir que no lugar do casebre havia uma boa casa, crianças saudáveis brincavam no jardim e tudo estava bem cuidado e com sinais de prosperidade. Ao indagar o dono da casa, ele descobriu que sua vida mudou depois que sua vaca morreu. Ele e a família foram obrigados a buscar outro meio de sobreviver e então descobriram tudo o que eles poderiam fazer e assim reverteram suas vidas miseráveis. Tudo graças à morte da vaca que os sustentava. Você se lembra da frase: ‘A necessidade é a mãe da invenção’?

 

Divirta-se – Bem, se a necessidade é a mãe da invenção, o divertimento é o pai dela. Minhas melhores idéias surgem quando estou brincando com meus filhos, ou a partir da segunda cerveja com os amigos. Os momentos de descontração aliviam a mente para navegar solta, com as defesas abaixadas, sem bloqueios e sem a preocupação com as exigências e normas a serem seguidas. Na verdade, você não precisa necessariamente se divertir, basta se distrair. O importante é sair do contexto da situação que você está precisando resolver. Se alguém te perguntar qual é o momento em que você mais precisa ser criativo, com certeza, as principais respostas seriam algo como: ‘Quando tenho um problema para resolver’, ‘Quando tenho uma necessidade para atender’ ou ‘Quando o prazo está se esgotando’. Mas, se te perguntarem qual é o momento que as respostas vêm com mais facilidade, as respostas passam para algo como: ‘Quando estou fazendo alguma coisa não relacionada com o problema’, ‘Quando estou só me distraindo’ ou ‘Quando estou relaxado’.

 

Anote tudo – Talvez você não se dê conta, mas nossa mente trabalha o tempo todo, nunca tira folga, e, justamente nos momentos de descontração ou que se está fora do problema é que ele pode encontrar uma grande solução. Se você estiver focado no problema, com certeza se lembrará da solução depois de algum tempo. Só que nestes momentos, idéias espontâneas surgem, aparentemente do nada, e lamentavelmente a maioria é descartada antes de tomar forma, simplesmente porque forçamos a mente a focar no que é preciso pensar naquele momento. Como o lado direito do cérebro não sabe respeitar regras, ele insiste em levar seu dono para viajar nos momentos mais impróprios. Não restrinja sua mente de dar as suas viajadas ocasionalmente. Tenha sempre em mão papel e caneta para anotar qualquer coisa nova que surja. Depois, ao reler, pode ser que você simplesmente dê algumas risadas e jogue o papel fora, mas pode ser que ela venha a se tornar uma grande sacada para o seu negócio, sua vida ou seu trabalho.

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Marketing, branding e a nivelação rasteira

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Chega a ser tétrico o pseudo intelectualismo marquetólogo moleque que quer reinventar a roda diariamente nas redes sociais e em grupinhos de mercado. Pergunto-me, por exemplo, qual o motivo de ainda existirem tantos equívocos sobre as diferenças entre marketing e branding. Num dia desses, após uma prazerosa oratória que proferi para grandes empreendedores, me deparei com um colega (não vem ao caso o nome dele mas também era palestrante no evento) que disparou o seguinte oximoro: “Gostei da sua palestra mas homens como Peter Drucker estão ultrapassados e os gestores das marcas precisam esquecer essas figuras que estão mortas.” Sempre fiquei em dúvida, caro leitor, se esse mundo realmente acabaria um dia, mas quando ouvi isso, tive certeza que sim.

 

No mínimo um cidadão míope que não sabe nada do que está falando e pior ainda, ensinando (minhas sinceras condolências para aqueles que pagaram para assistir alguma palestra com esse apocalíptico ‘expert’). Tive que conter qualquer reação mais exacerbada de minha parte – até por questão de elegância – mas difícil entender tal débil afirmação. Afinal de contas, Drucker mostrou ao mundo em The practice of management (1954) que o marketing é tudo que uma empresa faz e sua força se mostra em, principalmente, construir uma marca de fora (mercado) para dentro, caso contrário o processo se torna esquizofrênico. Esse documento culminado com sua ida para a General Motors como consultor, representou a fusão total e inegociável das duas disciplinas.

 

Francisco Alberto Madia de Souza, a quem todo mundo, incluindo seus alunos (também fui) e familiares, chamam simplesmente de Madia, escreveu um excelente artigo deixando bem claro que branding e marketing são “duas faces de uma mesma moeda”(1). John Jantasch , autor dos livros Marketing de Baixo Custo e Alto Impacto (2007) e The Commitment Engine (2012) , foi igualmente feliz em sua observação enfatizando que “marketing é a arte de convencer alguém que tenha um desejo, a conhecer, gostar e confiar em você”; e “branding é a arte de se fazer conhecido, querido e confiável”(2).

 

Em outras palavras, se o marketing estuda e entende, o branding encanta. É uma relação simbiótica e também saudável, oras. Inclusive, do meu ponto de vista, a fase atual da internet, que é essencialmente social, funciona como uma “cola” intensificando ainda mais a convivência harmoniosa. E, mais do que isso, ajudam na elaboração de estratégias fundamentais para conquistar e encantar o cliente (sei que isso soa clichê). Isso prova que um não vive sem o outro.
Um pouco desse teatro intelectualmente nefasto e ao mesmo tempo cômico se dá porque, muita gente que se diz entendida do assunto, não consegue realmente simplificar o sentido do marketing. Refiro – me, por exemplo, a toda canaille primitiva dos pseudo experts super valorizados que aparecem diariamente com o ego inflado nas redes sociais e ambientes afins. Enfim: Marketing nada mais é que se organizar na perspectiva do mercado e do cliente3. Inocentes aqueles que acreditam que marketing é apenas divulgar promoção ou fazer campanhas publicitárias caríssimas. Por falar nisso, sonho com um dia que a disciplina da empresa moderna deixe de ser a fluoxetina diária de certos publicitários pavões ególatras com todo o glamour jeca e cafona que carregam (sem generalizações, pois conheço profissionais de qualidade nesse ramo). Nossa profissão é séria demais para se resumir a apenas sacadinhas criativas.

 

Uma empresa que parece ter desaprendido que marketing e branding são indissociáveis é a Brastemp. Depois de conquistar e dominar por anos o mercado com seu belíssimo posicionamento “Não é assim uma Brastemp”, Narcisos irresponsáveis recebem o poder em mãos e começam, alguns anos atrás, a mexer em time que está ganhando. Como políticos de oposição que rechaçam as obras do mandato anterior. Não importando o quão boas foram suas ações. Ironicamente o novo conceito foi batizado de Lado B. Nada mais justo. O Lado B do marketing criando uma campanha Lado B. O critério é simples: se não fui eu que fiz, não é bom. Realmente, esse case Brastemp é um dos cinco maiores fiascos do marketing moderno. Simplesmente bestial. Parecem ter esquecido que nenhuma marca nasce, resiste e se fortalece sem a validação do mercado! E o consumidor? Ah… o consumidor é apenas um penduricalho dispensável.

 

Independente dos meus furibundos protestos, não acredito, mesmo que gostaria, que essa bolha de ignorância e juniorização que ronda o marketing brasileiro possa acabar tão cedo. Talvez eu seja só um apaixonado pelo marketing (sentimentalismo a parte) que está cada vez mais assustado com a nivelação rasteira que estamos passando. Falta, entre outras coisas, vigor intelectual de parte dos atores. Mas quem, com o mínimo de conhecimento e paixão não estaria assustado e até mesmo indignado? Eu, com certeza, não estou sozinho.

 

1 “Marketing e Branding”, Francisco Madia , 2008
2 “Duct tape marketing” , John Jantasch , 2007 (www.ducttapemarketing.com)
3 “”Em defesa do marketing”, Gabriel Rossi, 2012, Mundo do Marketing (http://www.mundodomarketing.com.br/artigos/gabriel-rossi/23536/em-defesa-do-marketing.html)

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