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LIDE Brazil Conference: Para Henrique Meirelles, é necessário debater o que fazer depois de subir o aumento das despesas do governo

Segundo dia de evento discutiu as perspectivas da economia do país para o próximo ano com 260 lideranças empresariais.

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O ex-ministro da Fazenda e um dos membros da equipe de transição do governo eleito Henrique Meirelles. (Foto: Vanessa Carvalho/LIDE)

Novo governo, novos desafios econômicos. Para discutir o futuro e os principais desafios da economia brasileira sob o comando de um novo presidente e um contexto internacional, autoridades monetárias de nível nacional, além gestores públicos e privados participaram de exposições e debates no segundo dia de LIDE Brazil Conference – New York, realizado na manhã desta terça-feira (15), no Harvard Club sobre o tema “A Economia do Brasil a partir de 2023”.

Os expositores participantes da conferência foram Roberto Campos Neto (presidente do BC), Henrique Meirelles (ex-ministro da fazenda e ex-presidente do BC), Isaac Sidney (presidente da Febraban), Joaquim Levy (diretor do Banco Safra e ex-ministro da Fazenda), Pérsio Arida (ex-presidente do BNDES e do BC, integrante da equipe de transição do novo governo), Rodrigo Garcia (governador do Estado de São Paulo), e Rubens Ometto (presidente do Conselho de Administração do Grupo Cosan).

 

A moderação dos painéis foi do jornalista, colunista de O Globo, escritor, analista político da Globo News, conselheiro editorial do Grupo Globo e membro da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira.

 

Na abertura do evento, o ex-presidente Michel Temer teceu comentários positivos sobre o futuro do Brasil, reforçando a importância das reformas econômicas, tributárias e trabalhistas realizadas durante o seu governo para abrir caminhos para o crescimento do país, dando o tom das discussões que aconteceram pela manhã.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, abriu a rodada de exposições com uma análise do contexto econômico internacional antes e depois da pandemia para explicar os efeitos desse acontecimento no aumento da inflação, na diminuição da capacidade de investimentos internacionais, a importância da realização de reformas, de forma a preparar o Brasil para um novo momento.

 

Com a ideia de que a pandemia seria passageira, os países deslocaram um grande volume de recursos para combatê-la. Devido à falta de mobilidade causada pelo isolamento social, houve grande demanda por bens de consumo e pouca por serviços, fazendo com que existisse também uma maior demanda por energia elétrica para produzi-los, aumentando custos e a inflação de forma persistente. Ainda no exterior, a invasão da Ucrânia, a alta demanda por energia na Europa e a crise na distribuição de fertilizantes também levaram ao aumento dos preços e da taxa inflacionária.

Diante deste cenário complexo, o Banco Central tem trabalhado insistentemente para reduzir as taxas de juros e tornar a economia brasileira ainda mais atrativa para os investidores internacionais. Porém, ele salienta que é preciso reformas estruturais.

“O mundo precisa de reformas. O Brasil já fez várias, mas precisamos mostrar para quem investe no país que temos disciplina fiscal”, explicou. “Nós precisamos de um conjunto de políticas que olhe para o lado social, mas que nos dê credibilidade para atrair investimentos externos e estimular o empreendedor brasileiro a apostar no crescimento do seu negócio”. O economista Henrique Meirelles, ex-ministro da fazenda e ex-presidente do Banco Central, falou na LIDE Brazil Conference sobre o momento da discussão do orçamento do Governo Federal para 2023 e sua adequação às reais necessidades do país, mesmo que seja necessário pedir, via emenda constitucional ao Congresso Nacional, um valor extra para fechar as contas.

Em sua opinião, é necessário debater o que fazer depois de subir o aumento das despesas do governo. Meirelles destaca São Paulo como um exemplo de reforma administrativa que permitiu equilibrar as contas com a venda de estatais sem finalidade para o estado e o fim da concessão de benefícios tributários desnecessários.

“É uma discussão difícil no Brasil, mas com isso poderemos ter um orçamento para os próximos anos que nos dê condições de crescer de uma forma sustentável”.

Com uma fala centrada no crescimento econômico do país ligado ao setor bancário, Isaac Sidney, presidente da Febraban, ressaltou que o crescimento médio de 0.5% na economia brasileira nos últimos anos não está ligado somente às circunstâncias internacionais, mas também à forma como o país conduz sua política econômica e faz investimentos. Antes de conseguir taxas de crescimento altas e duradouras, segundo ele, é necessário “arrumar a nossa casa” do ponto de vista fiscal.

“O modelo de investimento do poder público se exauriu, precisamos buscar modelo que tenha no capital privado a centralidade. Temos que reconhecer que o modelo de investimento precisa perseguir a liderança do capital privado”, afirmou. “Temos que canalizar os investimentos em áreas sociais, saúde, educação, formação de mão de obra, e reforma e eficiência do estado”.

Ex-ministro da Fazenda e diretor do Banco Safra, Joaquim Levy apresentou um histórico dos avanços conquistados na política econômica brasileira nas últimas duas décadas, apesar dos riscos e taxas de inflação internacionais. Entre eles, destacou a retomada do emprego, a queda significativa da taxa de informalidade, o aumento da escolaridade dos brasileiros como fator para o aumento da produtividade do país, disseminação de tecnologias e inovações financeiras, mercado regulado de crédito de carbono, além de vários outros.

“Ter e alcançar metas é importante para o governo ter mais confiança por parte do mercado privado. A estabilidade fiscal e estabelecimento de claras metas para diversos setores do governo pode nos ajudar a tirar vantagens dos avanços que o Brasil viveu nos últimos 20 anos que nos fez mais fortes”, pontuou.

Ex-presidente do BNDES e Banco Central, o economista Pérsio Arida é membro da equipe de transição econômica para o novo governo e fez uma exposição com base nos principais desafios a serem enfrentados pelo na área econômica, porém com um ponto de vista social e ambiental.

“Nosso principal desafio econômico é crescermos de forma inclusiva e sustentável. Mas é perfeitamente possível reverter esse quadro”, afirmou.

Segundo ele, o Brasil enfrenta um cenário internacional adverso causado pela recessão norte-americana e pelo aumento de juros nos Estados Unidos, que afeta diretamente o país. Mesmo assim, é possível ambicionar um nível mais alto de crescimento econômico, desde que se trabalhe pela inclusão social a longo prazo e educação para assegurar igualdade de oportunidades no futuro, programas sociais emergenciais que atendam as pessoas marginalizadas e com insegurança alimentar, transformar o desafio ambiental em uma oportunidade para geração de recursos e atração de investimentos externos.

Para que o Brasil seja capaz de crescer no longo prazo, Arida reforçou a importância da condução de três reformas que precisam ser acompanhadas por mudanças culturais no país: abertura e integração com o mundo, reforma de estado e reforma tributária.

“Sem encaminhar essas reformas, um estado mais eficiente e mais produtivo, dificilmente o Brasil conseguirá taxas de crescimento que assegurem uma convergência de sua renda em relação aos países desenvolvidos no período de dez ou vinte anos”.

 

São Paulo: exemplo de gestão pública

Trazendo os aspectos da boa gestão como catalisador do desenvolvimento econômico para uma esfera estadual, o Governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, falou aos empresários presentes no evento sobre a importância de se manter firme em convicções que transformaram o estado de São Paulo em um bom exemplo de gestão e respeito às contas públicas. Para ele, com estabilidade e conservadorismo, o governo estadual foi capaz de liderar uma série de avanços que ajudaram o Brasil a crescer.

Entre os avanços, está a realização de reformas administrativas que permitiram ao estado se tornar mais eficiente, políticas ambientais que refletiram em melhorias na qualidade de vida da população, políticas sociais para amparar os mais necessitados durante a pandemia, além de mudanças tributárias para atrair investimentos. Ele exemplifica o potencial de atração de investimentos fazendo uma comparação: o estado entregará a gestão com 50% mais investimentos que todo o Governo Federal.

“Vamos deixar a régua alta para o próximo governador, desejando a ele muito sucesso, que ele possa fazer ainda muito mais do que os que já passaram e fizeram. Não tenho dúvida que São Paulo é São Paulo pelo controle social e por todos esses valores e convicções que nos guiaram até aqui”, declarou.

 

ESG como atrativo de investimentos

Em sua exposição durante a conferência, o Presidente do Conselho de Administração do Grupo Cosan, Rubens Ometto, deu destaque aos pontos fortes no Brasil que proporcionam mais oportunidades no cenário global de negócios e investimentos. Entre eles, estão a produção de alimentos, o potencial de geração de energia limpa, boas reservas minerais, produção de petróleo e gás com eficiência e qualidade e geração de créditos de carbono suficientes para atingir a meta de Net Zero até 2050.

Segundo ele, uma série de fatores geopolíticos passaram a favorecer o Brasil economicamente nos últimos anos e o país não pode deixar de aproveitar o potencial de crescimento.

“É necessária uma articulação entre autoridades e empreendedores para conquistarmos um papel de potência verde e o ESG é uma condição sine qua non nas grandes decisões globais de investimento”.

Na sessão de debates com os empresários, que sucedeu as rodadas expositivas, houve perguntas sobre temas como investimentos públicos, políticas sociais, discussões de orçamento para o ano seguinte, perspectivas para a inflação no curto prazo, articulação entre políticas sociais e econômicas, acesso ao crédito para empresas, entre muitos outros.

Saiba como foi o primeiro dia do LIDE Brazil Conference – New York

Diálogos internacionais

O LIDE Brazil Conference – New York é uma iniciativa do LIDE com apoio institucional da Brazilian-American Chamber of Commerce (BACC). A BACC tem sede em New York e trata-se de uma organização independente e sem fins lucrativos, que visa estimular o diálogo, o comércio, o investimento e os laços culturais entre Brasil e Estados Unidos, entre os setores público e privado, além de ser uma facilitadora para desenvolver o networking entre representantes do setor produtivo de ambos os países.

Para 2023, estão previstos outros cinco encontros internacionais do LIDE Brazil Conference na Europa, Ásia e América, em países em que o LIDE mantém unidades. O objetivo é estimular as relações bilaterais entre as nações e reforçar a posição do Brasil na Europa, Ásia e América como polo de investimento em diversos setores. A próxima edição do LIDE Brazil Conference, agendada para fevereiro, será em Lisboa, em Portugal.

CidadeMarketing com informações da LIDE.

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