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O circo constrói histórias alegres em um mundo tão repleto de atrocidades, solidão e tristeza

É nesse espaço agitado e mercadológico que mágicos, trapezistas, acrobatas, dançarinas, equilibristas e palhaços tentam tirar seu sustento.

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Respeitável público: o circo chegou em sua cidade, trazendo o menino que grita mais alto, a mulher com quatro pernas, o cachorro que fala e o palhaço coquinho – aquele que solta pum pelo subaquinho.

No interior do Nordeste, o circo traz a magia e o fascínio com espetáculos de grande valia que sensibilizam os adultos e as crianças.  Não existe luxo, uma lona para compor uma tenda que é montada em um sol escaldante sob a qual artistas anônimos trabalham noite e dia, pelo amor à arte.  Sem local fixo, o circo se instala em um local público – na terra batida do sertão ou no paralelepípedo da rua da feira. Os veículos antigos e adaptados cercam o espaço que servem como moradia e sustentação dos holofotes que iluminam o negócio circense.

É nesse espaço agitado e mercadológico que mágicos, trapezistas, acrobatas, dançarinas, equilibristas e palhaços tentam tirar seu sustento a partir da alegria dos espectadores.  O circo ainda mexe com a vida do povo do interior do Nordeste.

A bilheteria é improvisada e os ingressos são entregues em uma pequena janela recortada no caminhão de cargas; O preço é acessível e o dinheiro gira em cédulas de baixo valor; O espetáculo carrega um valor agregado com as guloseimas ofertadas – pipoca, pirulito, brinquedos, algodão doce, água, pasteis, coxinhas, geladinhos e picolés – a magia do sabor que contagia ainda mais as crianças; O conforto fica por conta de cadeiras que cercam o palco e picadeiro ou por tablados de madeira sustentados por estruturas de ferro fazendo uma composição de arena improvisada.

No adormecer do sol, é hora de iluminar o espaço demarcado para o circo, abrir a bilheteria, colocar o milho na manteiga em uma pipoqueira aquecida por um pequeno botijão de gás localizado ao lado de uma lamparina que serve para aquecer a pipoca.  Sete, oito e nove horas as grades de entrada para o circo se abrem e a poeira começa a circular dentro da lona gigante que faz ecos da cultura popular.  Antes e durante o espetáculo, os olhares dos telespectadores espiam os movimentos e a cultura popular é traduzida em risadas, gritos, berros, aplausos, vaias e vários outros sons que apenas o entretenimento circense ativa no nosso imaginário coletivo.

É nesse movimento empreendedor que a simplicidade do circo e de seus artistas conseguem construir histórias alegres em um mundo tão repleto de atrocidades, solidão, tristeza e abandonos.

 

O artigo foi publicado no site Mandacaru.com.br criado pelo editor executivo do Portal CidadeMarketing.com.br para promover um debate sobre marketing e empreendedorismo nas feiras livres e mercados praieiros no Nordeste. Acessem, www.mandacaru.com.br

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