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O Plano de Negócio não morreu

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Há pouco mais de 10 anos, fui convidado pelo Sebrae-SP a participar do ciclo de debates que fazia parte da programação do Mês do Empreendedor para falar sobre Planos de Negócios. Eu iria debater com um empreendedor bem sucedido que nunca tinha feito um plano de negócio. A despeito de todos os meus argumentos sobre a importância do plano de negócio, com argumentos bastante racionais ele justificava porque não fazia sentido desperdiçar tempo com este documento que, no fundo, não passava de um exercício de adivinhação. Nesta ocasião eu aprendi muito com ele e revi minhas posições radicais sobre planos de negócios. Desde então tenho me aliado ao crescente movimento que prega a morte do plano de negócio.
Hoje volto a rever os meus conceitos e não acredito mais que o plano de negócio deve ser esquecido. Como tudo na vida, nenhum dos dois extremos representa o melhor caminho para quem vai empreender. O empreendedor não deve escrever um plano de negócio completo para começar a empreender, mas também não pode esquecer de organizar as ideias de como seu negócio vai funcionar antes de tomar decisões importantes durante sua implantação.

 

Em primeiro lugar, para que serve o plano de negócio? Se a sua resposta vai em direção da buscar por uma resposta sobre a viabilidade de uma ideia de negócio, então você está errado. Como o plano de negócio é escrito sob condições de alta incerteza e muitas suposições, nenhuma conclusão sobre a viabilidade do negócio a partir deste documento pode ser tomada como definitiva. A principal finalidade de um plano de negócio é propiciar ao empreendedor um roteiro estruturado para que ele colha informações e dados sobre o negócio para aumentar sua familiarização e domínio dos fundamentos do negócio, em outras palavras, o plano de negócio é uma ferramenta de aprendizado sobre o negócio.

 

Isto posto, a segunda pergunta seria: Qual o melhor momento para escrever um plano de negócio? Se você responder que o plano de negócio deve ser escrito ANTES de começar o negócio, mais uma vez, você está errado. Ao mesmo tempo que o empreendedor começa a agir para colocar seu negócio de pé ele vai reunindo informações que vão compor o plano de negócio. Muitas das incertezas típicas de um plano de negócio imaturo vão sendo dirimidas na medida em que o empreendedor tem contato com o negócio, com o setor, com o mercado, com os concorrentes, com especialistas na área, aprimorando seu aprendizado e refinando suas decisões. Este conhecimento adquirido deve ser incorporado no plano de negócio no lugar das suposições e pressupostos iniciais, tornando o plano mais consistente e confiável.

 

Assim, na fase inicial do negócio não se USA um plano de negócio, mas aprende-se sobre o negócio na medida em que ele está sendo escrito, portanto é verdade que o plano de negócio não serve para nada além desta ferramenta de aprendizado nesta fase. Algum tempo depois, entretanto, quando o negócio já estiver dando os seus primeiros passos, quando as incertezas forem bem menores do que no início e, acima de tudo, quando for necessário convencer alguém a confiar no seu negócio, seja um investidor, um banco, um futuro sócio, um futuro empregado, um potencial parceiro, é o momento em que o plano se transforma em ferramenta de aprendizado para instrumento de venda do negócio. Ainda são raros os investidores de risco que apoiam um empreendimento sem ler antes o plano de negócio.

 

Além disso, mesmo que o empreendedor não use o plano para convencer ninguém, mas é preciso tomar uma decisão importante, como investir em um equipamento caro ou instalações de infraestrutura, também será necessário avaliar o plano de negócio desenvolvido até então, pois neste momento, o plano de negócio vai ajudar a reduzir as incertezas, minimizando assim o alto risco de uma decisão que compromete grandes recursos no negócio. Estes são os dois momentos que um plano de negócio é usado.  Portanto, antes de uma posição tão radical quanto declarar a morte do plano de negócio, precisamos repensar o seu papel, quem deve usá-lo e sob quais condições ele é importante. Esta nova abordagem sobre a utilização do plano de negócio é explorada no meu mais recente livro ‘Plano de Negócios em 40 lições’ escrito em parceria com o Prof. Cândido Borges da Universidade Federal de Goiás e publicado pela Editora Saraiva. Saiba mais em clique aqui.

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