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Em crise, Correios anuncia plano de demissão voluntária

A crescente concorrência no comércio eletrônico resultou em perda de market share e consecutivos prejuízos financeiros para a estatal.

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A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) anunciou nesta quarta-feira (15) um plano de recuperação financeira que inclui um Programa de Demissão Voluntária (PDV) e um empréstimo de R$ 20 bilhões, com o objetivo de conter a crise e equilibrar as contas da estatal nos próximos anos.

O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, apresentou as medidas em coletiva de imprensa, destacando que o PDV será direcionado a unidades com força de trabalho ociosa, enquanto o empréstimo — atualmente em negociação com um consórcio de bancos e garantido pela União — busca dar fôlego imediato ao caixa da empresa.

“Estamos negociando uma operação para reequilibrar a empresa em 2025 e 2026, adotando medidas estruturais que devem começar a gerar resultados em 2026, com previsão de lucro a partir de 2027”, afirmou Rondon.

Prejuízos bilionários e queda nas receitas

Os números revelam a gravidade da situação: R$ 4,3 bilhões de prejuízo no primeiro semestre de 2025, além do déficit de R$ 2,5 bilhões registrado em 2024. Segundo o presidente, os lucros pontuais obtidos em 2020 e 2021 foram impulsionados pela pandemia, quando o comércio eletrônico registrou alta recorde.

Contudo, a queda nas encomendas e o avanço da concorrência privada fizeram as receitas despencarem nos anos seguintes. “A perda de competitividade e de participação no mercado tem impactado diretamente o caixa e, consequentemente, a operação da empresa, o que retroalimenta o ciclo negativo”, explicou Rondon.

Medidas de contenção e novas fontes de receita

Além do PDV e do empréstimo bilionário, os Correios planejam vender imóveis ociosos e renegociar contratos para reduzir despesas. Também está em estudo a diversificação das atividades da estatal, com a possibilidade de incorporar serviços financeiros e logísticos em parceria com outras instituições.

Perspectiva de recuperação

A direção da estatal afirma que, com as medidas de curto e médio prazo, o reequilíbrio financeiro deve ser alcançado até 2027, marcando o início de um novo ciclo de resultados positivos.

O plano de recuperação ocorre em um contexto de forte transformação do setor logístico, impulsionado pela digitalização e pela competitividade crescente de empresas privadas nacionais e internacionais.

A história dos Correios e o impacto dos marketplaces

Os Correios, uma das instituições mais antigas do Brasil, têm origem no período colonial, quando o serviço postal começou a ser estruturado oficialmente em 1663, com a criação do “Correio-Mor do Reino”. Ao longo dos séculos, a estatal evoluiu de um sistema rudimentar de entrega de correspondências para uma empresa estratégica na integração nacional, responsável por conectar pessoas, empresas e órgãos públicos em todos os municípios do país. Durante décadas, os Correios foram sinônimo de confiança e presença em locais onde nenhuma outra empresa logística chegava, desempenhando papel essencial no desenvolvimento econômico e social brasileiro.

Com o avanço da internet e do comércio eletrônico, os Correios viveram um novo auge a partir dos anos 2000, tornando-se o principal canal logístico de entregas de produtos vendidos online. Grandes varejistas e pequenos empreendedores passaram a depender dos serviços postais para alcançar clientes em todo o território nacional. O boom das vendas online durante a pandemia de Covid-19, em 2020 e 2021, reforçou ainda mais a importância da estatal, que registrou lucros expressivos impulsionados pelo aumento nas encomendas.

Entretanto, o crescimento dos marketplaces privados, como Amazon, Mercado Livre e Shopee, mudou profundamente o cenário. Essas plataformas passaram a investir em redes próprias de distribuição e transporte, reduzindo a dependência dos Correios e aumentando a concorrência. Com isso, a estatal perdeu market share, competitividade e receitas, enfrentando dificuldades para se modernizar no mesmo ritmo das empresas privadas. O impacto foi direto nas finanças e na operação, levando os Correios a buscar novas estratégias de reestruturação e inovação para se manter relevantes no ecossistema logístico e digital do país.

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