Os Correios deram mais um passo no processo de reestruturação financeira ao formalizar um empréstimo bilionário com aval da União. O Ministério das Comunicações publicou neste sábado (27), em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), o extrato da operação de crédito no valor de R$ 12 bilhões, aprovado pelo Tesouro Nacional no último dia 18.
Apesar de a estatal ter solicitado inicialmente até R$ 20 bilhões, o Tesouro autorizou um montante menor, dentro dos critérios de capacidade de pagamento exigidos para empresas públicas federais. A operação foi estruturada por um pool de grandes bancos: Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Prazo de 15 anos e carência de 3 anos
De acordo com o extrato publicado no DOU, o contrato prevê prazo total de 15 anos para pagamento, com carência de três anos, período em que os Correios não precisarão amortizar o principal da dívida.
Os juros foram fixados em 115% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) — taxa de referência do mercado financeiro e próxima da Selic, a taxa básica de juros da economia. O percentual ficou abaixo do teto usual de 120% do CDI, limite normalmente adotado pelo Tesouro Nacional para operações com garantia da União, o que indica condições consideradas mais favoráveis para a estatal.
Recursos para capital de giro e investimentos estratégicos
Segundo o Ministério das Comunicações e o Tesouro Nacional, os recursos do empréstimo poderão ser usados para:
- Capital de giro, garantindo a operação diária da empresa;
- Investimentos estratégicos, incluindo modernização logística e tecnológica;
- Pagamento da comissão de estruturação da operação;
- Outras despesas ligadas ao plano de reestruturação econômico-financeira.
A medida busca dar fôlego à empresa para reorganizar suas finanças, enfrentar a queda de receitas em segmentos tradicionais e ampliar sua atuação em áreas como encomendas expressas, e-commerce e serviços digitais.
Contexto: pedido maior foi negado
No início do mês, os Correios haviam solicitado ao Tesouro autorização para um empréstimo de até R$ 20 bilhões, mas a proposta foi negada. Após revisões no plano de reequilíbrio financeiro e nos indicadores de capacidade de pagamento, o governo aprovou o valor de R$ 12 bilhões, considerado compatível com o cenário atual da estatal.
O Tesouro informou que a operação aprovada atende aos critérios exigidos para estatais que apresentam plano de recuperação validado pelas instâncias técnicas e de governança do governo federal.
Aval da União e acompanhamento rigoroso
A operação conta com garantia da União, o que reduz o risco para os bancos credores e possibilita juros mais baixos do que os praticados no mercado para empresas em situação semelhante.
Em contrapartida, os Correios deverão seguir metas e compromissos estabelecidos no plano de reestruturação, que será acompanhado pelos órgãos de controle e pelo próprio Tesouro Nacional.
Desafio de modernização
Com mais de três séculos de história, os Correios enfrentam o desafio de se adaptar a um mercado cada vez mais competitivo, com a presença de empresas privadas de logística e entregas rápidas. O empréstimo é visto como essencial para sustentar operações, investir em tecnologia e recuperar a capacidade de investimento da estatal nos próximos anos.



























