Início Artigos Marcos Hashimoto Corporate Venturing: Um caminho adotado pelas organizações para inovar com baixo risco

Corporate Venturing: Um caminho adotado pelas organizações para inovar com baixo risco

CV interno é quando a empresa cria, em sua divisão de inovação, uma incubadora interna

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Na jornada em direção à competitividade baseada na inovação, empresas de todos os segmentos e portes estão buscando novas formas de gerar novos negócios que não venham apenas de novos produtos saídos dos fornos dos laboratórios de pesquisa. Um segmento da inovação corporativa que vem crescendo consideravelmente, embora muitos ainda chamem simplesmente de novos negócios, são as Corporate Ventures. De uma forma bem simplificada, podemos definir Corporate Ventures (CV) como novas unidades de negócio em empresas já existentes. Das várias formas de classificar as CVs, a mais clássica é a interna/externa. Um CV interno é quando a empresa cria, em sua divisão de inovação, uma incubadora interna, na qual ideias de novos negócios, incluindo aí os produtos que saem dos laboratórios, são iniciados com estruturas enxutas e simples e vão se desenvolvendo de forma isolada da organização, ganhando vida própria na medida em que o produto se torna maduro, quando o mercado é definido e se iniciam as vendas iniciais. Quando este novo negócio ganha porte suficiente acontece o chamado ‘spin-off’ ou seja, esta pequena divisão de negócio se torna uma nova empresa, saiu da incubadora e ganha uma estrutura maior para seguir independentemente, porém ainda dentro do mesmo grupo empresarial.

 

Já no CV externo o movimento é inverso. Uma pequena empresa nasce em qualquer lugar, nas mãos de um empreendedor e com recursos próprios. Na medida em que começa a prosperar e ganhar visibilidade, entra no radar das grandes organizações que então se associam a ela, trazem estrutura, gestão e capital para investir no seu crescimento, se torna uma sócia e ajuda este pequeno negócio a crescer rapidamente. Quando está madura e pronta, acontece o chamado ‘spin-in’ ou seja, a aquisição da empresa, que é então é incorporada ao grupo empresarial.
Em ambos os casos, o princípio é o mesmo, a criação de novos negócios isolados da organização a partir de idéias baseadas em oportunidades identificadas. A grande vantagem de criar um negócio nascente fora da estrutura da empresa é mantê-la livre dos controles e processos burocráticos que são necessários às grandes organizações, mas que tiram a flexibilidade e dinamismo de pequenos negócios nascentes. Nestas pequenas empresas há menos hierarquia, menos processos estruturados e muito jogo de cintura para permitir a configuração do modelo de negócio na medida em que ele vai se constituindo. Quanto maior o grau de inovação do produto ou do modelo de negócio, maior é a necessidade de se manter longe das estruturas existentes das corporações.

 

 

Existe também a categoria dos CVCs (Corporate Venture Capital), no qual as empresas desempenham o papel de investidores de risco, ou seja, simplesmente investem capital próprio em empresas nascentes com alto potencial de crescimento.
Alguns CVCs são financeiros, ou seja, as empresas que são adquiridas, normalmente uma parcela das ações, não necessariamente estão dentro da estratégia do negócio e apenas representam bons investimentos que darão bom retorno quando forem vendidos, é uma decisão exclusivamente financeira, para compor o portfolio de investimentos financeiros, sem interesse em dar continuidade ao negócio depois de ser vendida.

 

Existem os CVCs estratégicos, para os quais, mais importante do que remunerar o investimento é ganhar vantagem competitiva, gerar inovações e colocá-las o mais rapidamente no mercado. Por isso, estes CVCs entram com mais do que capital, eles trazem profissionais qualificados, conhecimento do mercado, estrutura operacional, canais de distribuição, marca consolidada e tecnologia, pois os negócios apoiados fazem parte da estratégia do negócio da empresa mãe. Em resumo, é o melhor dos dois mundos, a agilidade de uma pequena com a estrutura de uma grande.
Normalmente, o que caracteriza um novo negócio neste modelo, são os seguintes fatores:
– Trata-se de um novo negócio e não um processo, tecnologia, produto ou serviço;
– Existem riscos envolvidos no projeto novo que não seriam normalmente tolerados se fosse lançado na empresa-mãe;
– O risco alto está associado ao alto grau de incerteza sobre os resultados do desafio e o fracasso do projeto é um resultado esperado;
– É gerido separadamente da empresa-mãe, por tempo indeterminado;
Alguns exemplos de empresas que estão com divisões de novos negócios focados no conceito de CV: Braskem, Cemig, Dow, IBM, Intel, Telefónica, Google, Promon, Votorantim, Odebrecht, 3M, Grupo Bandeirantes, entre outros. Cada uma possui formas diferentes de criar novos negócios, até porque a natureza da atividade de cada negócio é diferente e exige perspectivas de abordagem diferentes.

Enquanto empresas de tecnologia tendem a ver novos negócios saindo das iniciativas de seus especialistas técnicos, empresas de serviços procuram explorar novos negócios para diversificar suas operações e se antecipar à concorrência, e por isso estão mais de olho em negócios nascentes externos.
De uma forma ou de outra, vemos que este modelo está crescendo e ganhando espaço nas discussões sobre formas de inovação aberta no meio corporativo. Vamos ficar de olho para ver a relevância do tema nos próximos anos.

 

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