Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira (20) a retirada da tarifa adicional de 40% que incidia sobre uma lista de mais de 200 produtos brasileiros, incluindo itens agrícolas, insumos industriais e peças relacionadas ao setor aeronáutico. A mudança vale retroativamente a partir de 13 de novembro, data da última reunião entre o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o senador americano Marco Rubio.
A ordem executiva, assinada pelo presidente Donald Trump, revoga uma política tarifária aplicada em julho deste ano, quando o governo americano elevou impostos sobre mercadorias brasileiras em meio a tensões diplomáticas. Segundo a Casa Branca, o recuo foi possível após avanços nas negociações bilaterais, impulsionados pelos encontros recentes entre Lula e Trump, que buscavam reduzir atritos e reconstruir a cooperação econômica.
Produtos brasileiros beneficiados
A retirada da tarifaço impacta diretamente setores estratégicos do agronegócio e da indústria brasileira. Entre os produtos beneficiados estão:
- Carne bovina e suína
- Café
- Cacau e derivados
- Açúcar
- Pescados (peixes e frutos do mar)
- Mel
- Açaí e polpas vegetais
- Uva
- Água de coco
- Frutas frescas e secas
Além dos itens agrícolas, a isenção também contempla peças de aeronaves, insumos industriais e componentes utilizados por empresas americanas com cadeias de produção integradas a fornecedores brasileiros.
Impactos econômicos para o Brasil
A retirada da tarifa adicional tende a aumentar imediatamente a competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano, principalmente no setor de alimentos, que havia sido fortemente afetado pelas alíquotas extras impostas em julho. Para alguns segmentos, como café, mel e frutas frescas, o imposto adicional inviabilizava comercialmente o envio aos EUA.
De acordo com analistas, a medida deve estimular:
- retomada de contratos suspensos durante o período de tarifa elevada;
- recuperação da participação brasileira em nichos específicos do mercado americano;
- fortalecimento das relações diplomáticas entre os dois países;
- impacto positivo sobre produtores agrícolas e exportadores do Norte e Nordeste, grandes fornecedores de frutas e superfoods.
Cenário político e diplomático
A reversão da tarifa ocorre em um momento de reaproximação diplomática. Em comunicado, autoridades americanas destacaram que a exclusão dos produtos foi possível após “avanços significativos no diálogo bilateral” e reforçaram a importância do Brasil como parceiro estratégico dos Estados Unidos.
Do lado brasileiro, o Itamaraty afirmou que continuará acompanhando o impacto das mudanças e trabalhando para ampliar o acesso de produtos nacionais ao mercado americano — hoje o segundo maior destino das exportações do Brasil, atrás apenas da China.
Confira a nota oficial do Ministério das Relações Exteriores
“O governo brasileiro recebeu hoje (20/11), com satisfação, a decisão do governo dos Estados Unidos de revogar a tarifa adicional de 40% para uma série de produtos agropecuários importados do Brasil.
Estarão isentos de tarifa vários tipos de carne, café e várias frutas (como, por exemplo, manga, coco, açaí, abacaxi).
O enunciado da Ordem Executiva que implementa a medida faz menção à conversa telefônica do Presidente Lula com o Presidente Trump em 6 de outubro, quando decidiram iniciar as negociações sobre as tarifas.
Acrescenta que o Presidente Trump recebeu recomendações de altos funcionários do seu governo de que certas importações agrícolas do Brasil não deveriam estar mais sujeitas à tarifa de 40% em função do “avanço inicial das negociações” com o governo brasileiro.
A medida é retroativa a 13 de novembro, data que coincide com o dia da última reunião entre o Ministro Mauro Vieira e o Secretário de Estado Marco Rubio em Washington, na qual se discutiram meios de avançar nas tratativas bilaterais para a redução das tarifas sobre os produtos brasileiros.
O governo brasileiro reitera sua disposição para continuar o diálogo como meio de solucionar questões entre os dois países, em linha com a tradição de 201 anos de excelentes relações diplomáticas.
O Brasil seguirá mantendo negociações com os EUA com vistas à retirada das tarifas adicionais sobre o restante da pauta de comércio bilateral.”
O projeto criado por parlamentares americanos, denominado “No Coffee Tax Act”, questionava as tarifas impostas por Trump ao café — um dos produtos mais consumidos pelos americanos e no mundo. O Brasil, maior produtor global de café, é responsável por aproximadamente um terço de toda a produção mundial, o que tornava a taxação especialmente sensível para consumidores e importadores nos Estados Unidos.



























