Em um movimento que promete abalar a balança comercial entre Brasil e Estados Unidos, o presidente americano Donald Trump anunciou nesta quarta-feira (9) a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil a partir de 1º de agosto de 2025. A medida foi comunicada por meio de uma carta pública endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual Trump alega práticas comerciais injustas por parte do Brasil e critica duramente o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, chamando o processo de uma “caça às bruxas”.
A decisão gerou forte reação no mercado financeiro, com o dólar disparando e setores estratégicos da economia brasileira sendo colocados em alerta máximo.
Produtos brasileiros mais afetados pela tarifa
Com a nova tarifa de 50%, diversos produtos brasileiros amplamente exportados para o mercado norte-americano correm o risco de perder competitividade, impactando diretamente empresas e empregos em cadeias produtivas nacionais. Confira os principais itens que devem ser prejudicados:
Petróleo bruto e derivados
Um dos maiores ativos da pauta de exportação brasileira, o petróleo responde por bilhões de dólares em vendas anuais para os EUA. A nova taxa deve tornar o produto menos competitivo frente a fornecedores do Oriente Médio e África.
Minério de ferro e metais
Essenciais para as indústrias automotiva, naval e de construção civil dos EUA, os minérios brasileiros, como o ferro e o alumínio, podem ter sua participação no mercado reduzida.
Produtos semimanufaturados de ferro ou aço
Bobinas, chapas e barras de aço são exportadas para uso industrial. A alta tarifária pode reduzir significativamente sua presença nas cadeias produtivas norte-americanas.
Aeronaves e peças
A Embraer é uma das principais fornecedoras de jatos comerciais e executivos para os Estados Unidos. O aumento dos custos pode afetar contratos e futuros acordos comerciais.
Produtos químicos e farmacêuticos
Componentes usados na produção de cosméticos, remédios e produtos de limpeza também fazem parte da lista de impacto, elevando os preços e diminuindo a competitividade.
Café e produtos do agronegócio
O café brasileiro é líder global e tem os EUA como um dos principais destinos. A taxação poderá abrir espaço para concorrentes como Colômbia, Vietnã e México.
Carnes (bovina, de frango e suína)
O setor de proteínas é altamente dependente do mercado externo. A tarifa compromete a rentabilidade e pode afetar exportações em volume.
Calçados e produtos têxteis
Com forte presença nas regiões Sul e Sudeste, a indústria calçadista e têxtil deve sentir diretamente os efeitos da medida, afetando pequenas e médias empresas exportadoras.
Madeira, celulose e papel
Exportadas para indústrias gráficas, de embalagem e móveis nos EUA, essas matérias-primas enfrentam agora concorrência ainda mais acirrada com fornecedores locais e asiáticos.
Dados divulgados pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) mostram que as exportações brasileiras para os Estados Unidos atingiram um patamar histórico em 2024, totalizando US$ 40,3 bilhões — alta de 9,2% em relação ao ano anterior. O volume embarcado também foi recorde: 40,7 milhões de toneladas de produtos vendidos ao mercado norte-americano, um crescimento de 9,9% frente a 2023. Os números integram o estudo Monitor do Comércio 2024, apresentado em São Paulo.
A indústria brasileira teve papel central nesse avanço, registrando US$ 31,6 bilhões em vendas aos EUA, crescimento de 5,8% no comparativo anual. Com isso, os produtos industriais responderam por 78,3% de todas as exportações para os Estados Unidos, consolidando o país como o principal destino do setor pelo nono ano consecutivo. Esses dados reforçam a relevância da relação comercial entre as duas nações — justamente em um momento em que a taxação anunciada por Donald Trump ameaça desestabilizar esse fluxo estratégico para a economia brasileira.
Além das perdas econômicas, a medida pode gerar insegurança jurídica e diplomática, afetando a imagem do Brasil no cenário global. A decisão de Trump também tem forte tom político. Em sua carta, o republicano critica a atuação do STF brasileiro no julgamento de Jair Bolsonaro e cita “ataques à liberdade de expressão”. O gesto foi interpretado por analistas como um recado eleitoral e pode acirrar ainda mais as tensões entre os dois governos.