A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou novamente, no início de maio de 2025, a interdição cautelar da pasta de dente Colgate Total 12 Clean Mint, uma das versões mais conhecidas da marca no Brasil. “A Agência recebeu relatos de eventos adversos que indicam que a presença na formulação da substância fluoreto de estanho, que tem conhecidos benefícios antimicrobianos e anticárie, pode estar associado a reações indesejáveis em alguns usuários,” disse a Anvisa em nota à época da suspensão preventiva e temporária.
Apesar da determinação da Anvisa, a reportagem do CidadeMarketing verificou que o creme dental Colgate Total Prevenção Ativa Clean Mint ainda está amplamente disponível para venda em grandes plataformas de comércio eletrônico, como Mercado Livre, Shopee, Pão de Açúcar e Americanas.

Os anúncios não fazem qualquer menção à interdição do produto e, em alguns casos, promovem a pasta como uma das mais vendidas e bem avaliadas, o que pode confundir o consumidor.
Nas redes sociais, consumidores continuam relatando problemas bucais atribuídos ao uso do produto, como lesões, sensações dolorosas, sensação de queimação/ardência, inflamação gengival e edema labial. Comentários nos perfis oficiais da Colgate Brasil no Instagram demonstram que muitos usuários se sentem inseguros com a continuidade da comercialização, mesmo após a intervenção de um órgão regulador como a Anvisa.
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“Os produtos continuam nas prateleiras… sem nenhum comunicado de alerta!”, destacou a consumidora Vanessa Souza em seu perfil no Instagram. O cenário reforça a preocupação de muitos brasileiros que, sem acesso à informação adequada no ponto de venda, continuam adquirindo o item, muitas vezes sem saber da intervenção da agência reguladora.
Nas redes sociais, os relatos de efeitos adversos continuam se multiplicando. O consumidor Leandro Carvalho criticou a forma como a marca tem lidado com a situação: “A empatia deles é te oferecer outra pasta de dente da Colgate e dizer que você teve uma sensibilidade!”. Já Patrícia Couth fez um apelo mais contundente no perfil da marca Colgate no Instagram: “Minha mãe tem diabetes e teve sérias lesões com essa pasta… Ela comprou porque estava mais barato no supermercado e não sabia sobre a suspensão! […] É um absurdo o que estão fazendo!”. Segundo ela, a mãe apresenta queimaduras na boca, aftas e sangramentos na gengiva — sintomas que, segundo diversos relatos, têm sido comuns entre os afetados. Para Patrícia, o caso exige providências urgentes por parte da empresa.
O caso acende um alerta sobre a fiscalização e responsabilidade das plataformas digitais em monitorar e retirar produtos sob investigação ou interdição. Até o momento, nem a Colgate-Palmolive nem os marketplaces se posicionaram publicamente sobre a manutenção das vendas da Colgate Clean Mint.
Entenda o caso no nosso podcast:
O que falta para a Colgate reconhecer que errou?
Entramos em contato com o atendimento do Mercado Livre no início de maio, logo após a intervenção da Anvisa, e fomos informados de que “precisa ser a ANVISA entrando em contato diretamente com o time de segurança da plataforma”. Passados mais de 15 dias desde esse posicionamento, os produtos da linha Colgate Total Clean Mint seguem sendo comercializados livremente na plataforma, sem qualquer bloqueio ou aviso de segurança ao consumidor.
Também recebemos um posicionamento através do atendimento da Colgate, que afirma que o creme dental Total Prevenção Ativa Clean Mint “é seguro e foi extensivamente testado, mas é possível que algumas pessoas tenham sensibilidades particulares a certos ingredientes”. A empresa reforça que “não há uma recomendação oficial que sustente um recall” e informa que, como tentativa de resgatar a confiança dos consumidores afetados, tem oferecido a troca do produto por um creme dental da linha Sensitive Pro Alívio Imediato Gengiva.