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Ainda não é a vez da China

Quando as empresas chinesas se aventuram fora de seu território, raramente obtêm sucesso.

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Não é novidade que a China cresce, e muito, economicamente. Há alguns anos deixou de ser o país do futuro e já virou realidade. Mas será que esse aumento de dinheiro se traduz, ou se traduzirá, em liderança global? Minha opinião é que não. É errado afirmar, como muitos já fizeram, que o mundo está, ou estará, “sob a liderança da China”. E não sou somente eu quem afirma. A tese é defendida também por David Shambaugh, especialista sobre China na George Washington University, que lançou recentemente o livro “China Goes Global: The Partial Power”.

 

Vamos aos fatos, com uma visão de Marketing. A expansão da economia chinesa é ampla, mas não profunda. O País tem escala, pois abriga cerca de 1,3 bilhão de pessoas, mas ainda tem um longo caminho a percorrer “fora de casa”. A marca “China” tem problemas. Ninguém no mundo – e acredito que nem os mandatários chineses – sabe o que ela quer e que tipo de poder ela quer ser e exercer. Há claramente uma crise existencial. Marcas e corporações estrangeiras têm dificuldades enormes de atuar no País por condições domésticas problemáticas, que vão desde relações de trabalho antiquadas até problemas políticos e a crescente dissidência de intelectuais e artistas, como é o caso do artista plástico Ai Wei Wei.

 

Quando as empresas chinesas se aventuram fora de seu território, raramente obtêm sucesso. Temos conhecimento de poucas marcas chinesas (Lenovo é exceção no mundo e a JAC aqui no Brasil). Inclusive, nenhuma figura no ranking Interbrand das melhores marcas globais. O mercado dos chineses é dominado por produtos “low-end”, ou seja, com menor preço, para clientes que não desejam ou são capazes de gastar grandes quantias. Há, em suma, muito pouco sentimento e reconhecimento de marcas chinesas.

 

A lista das empresas que mais faturam do mundo da Forbes possui presença de corporações chinesas, mas apenas pouquíssimas (menos de cinco) captam a maior parte de sua renda fora da China. E não para por aí: uma potência mundial também pode ser reconhecida assim por seu poder militar (o que é uma pena). Mas a China se desenvolveu suficientemente para ser uma potência na Ásia, mas sem capacidade de intervenção global. O que se pode afirmar é que os chineses são fortes no campo militar cibernético.

 

É claro que o acontecido até o momento pode ser um pedaço do caminho chinês para o topo do mundo. Mas será preciso um acerto de rota. Os Estados Unidos estão se recuperando. O Japão é sempre o Japão, com seu poder de superação inimaginável. A Europa não ficará em crise para sempre. A China avança, em casa, mas a direção ainda é incerta.

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Palestrante profissional em marketing, estrategista especializado na construção e gerenciamento de marcas e reputação, e diretor-fundador da Gabriel Rossi Consultoria, com passagens por instituições como Syracuse/Aberje, Madia Marketing School, University of London e Bell School. Especialista convidado para lecionar no curso de extensão da Fundação Escola de Sociologia e Política (FESP) e na Pós Graduação de Marketing da USP. Referência de mercado, Gabriel é atualmente o profissional no país mais requisitado pela grande mídia (mainstream) para falar sobre marketing. Escreve e é citado extensivamente, sendo colunista de portais de destaque como Observador Político, possui diversos artigos e estudos publicados no Estadão, o Globo, Brasil Econômico, Correio Braziliense, JT, UOL, HSM e colabora com veículos como Bandnews TV, Folha de São Paulo, Revista Nova, Veja, Portal G1 , entre inúmeros outros. Rossi e sua equipe atuam tanto no campo político como no empresarial. Eles trabalham com empresas internacionais como Petrobrás, The Marketing Store e Tetra Pak, além de candidatos ao Senado Federal. Rossi participou de momentos históricos importantes, sendo comentarista especial da TV Estadão no primeiro e segundo turno das eleições 2010 e comentarista oficial durante a posse da presidente Dilma Rousseff para a rádio Eldorado.

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